Morre bell hooks, um dos maiores nomes do feminismo negro, aos 69

Em sua obra, aborda as conexões entre raça, gênero e classe a partir de diversos campos, como cinema, música e política

Lucas Tavares Lucas Tavares -
Morre bell hooks, um dos maiores nomes do feminismo negro, aos 69
Escritora e ativista norte-americana, bell hooks. (Foto: Reprodução)

Morreu nesta quarta (15) a escritora e ativista americana bell hooks, em Berea, no estado do Kentucky, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por sua família ao jornal local Lexington Herald-Leader. Em nota, eles relatam que ela estava doente e cercada de pessoas próximas quando ocorreu o fato.

bell hooks é na verdade um pseudônimo -o nome de batismo da escritora é Gloria Jeans Watkins. Segundo ela, era uma homenagem à sua bisavó, chamada assim. Mas assinado em minúsculas de modo a pôr em evidência a mensagem que queria passar, e não ela mesma.

Escrita muitas vezes em primeira pessoa, a obra de hooks aborda as conexões entre raça, gênero e classe a partir de diversos campos, como cinema, música e política -seus ensaios já examinaram de videoclipes de Madonna à representação negra em melodramas dos anos de ouro de Hollywood.

Sistemas de ensino, história dos Estados Unidos e amor também fazem parte da vasta lista de assuntos que marcaram as obras da escritora, que publicou não só prosas, como também poesias.

hooks cresceu no sul dos Estados Unidos numa época em que a segregação ainda estava em curso no país. Ela se formou em literatura na Universidade de Stanford, e cursou o mestrado Universidade de Wisconsin, em Madison, e doutorado na Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

Aos 19 anos, começou a escrever aquele que se tornaria seu primeiro livro, “E Eu Não Sou uma Mulher?: Mulheres Negras e Feminismo”. Desde 2004, lecionava na Faculdade de Berea, no Kentucky.

Conhecida como uma das maiores intelectuais do feminismo negro, hooks é autora de dezenas livros, incluindo os sucessos “Anseios: Raça, Gênero e Políticas Culturais”, “Ensinando Pensamento Crítico: Sabedoria Prática” e “O Feminismo é Para Todo Mundo: Políticas Arrebatadoras”.

Em 2014, a escritora fundou o Instituto bell hooks, com o intuito de estimular estudos de pedagogias feministas e críticas, além de documentar a vida e obra de aclamados intelectuais, críticos culturais, artistas e escritores.

“Oh, meu coração. bell hooks. Que ela descanse. Sua perda é incalculável”, disse no Twitter a escritora Roxane Gay, autora de livros como “Má Feminista” e “Mulheres Difíceis”.

O rapper brasileiro Emicida também comentou a morte da ativista e lamentou sua perda. “bell hooks gigante. Descanse em paz. Obrigado por partilhar sua luz com o mundo”, disse o artista.

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