Homem que jogou extintor em policiais na invasão ao Capitólio pega 5 anos de prisão

Sentença envolve agressão e resistência aos policiais, com o uso de uma arma definida como "perigosa e mortal". Mais de 140 pessoas enfrentam a mesma acusação

Folhapress Folhapress -
Homem que jogou extintor em policiais na invasão ao Capitólio pega 5 anos de prisão
Robert Scott Palmer foi condenado a mais de cinco anos de prisão por atacar policiais do Capitólio dos Estados Unidos (Foto: Reprodução/Federal Bureau of Investigation (FBI))

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – A Justiça americana condenou, nesta sexta-feira (17), mais um homem que participou da invasão ao Capitólio nos EUA, em janeiro deste ano. A pena de 5 anos e 3 meses de prisão de Robert Scott Palmer, 54, é a maior proferida até aqui contra um insurgente que participou de um dos maiores atentados à democracia do país –cinco pessoas morreram na ocasião.

A sentença também é a primeira envolvendo agressão e resistência aos policiais, com o uso de uma arma definida pelo Departamento de Justiça como “perigosa e mortal”: um extintor de incêndio. Mais de 140 pessoas enfrentam a mesma acusação.

Durante o ataque à sede do Legislativo, Palmer borrifou o líquido de um extintor e depois o arremessou em direção aos policiais que tentavam conter o avanço de ativistas pró-Donald Trump. Ele também lançou uma prancha e uma vara de madeira.

Na ocasião, insuflados pelo então presidente, milhares de manifestantes buscaram interromper a cerimônia de certificação da vitória do democrata Joe Biden na eleição, alegando ter havido fraudes, o que nunca foi comprovado.

De acordo com o jornal The Washington Post, Palmer confessou ser culpado em outubro, garantindo um acordo de que sua pena seria entre 46 e 57 meses. Depois de ter sido preso, porém, o agora condenado mudou o discurso e disse que havia agido em legítima defesa, já que policiais teriam disparado balas de borracha e gás lacrimogêneo em sua direção.

Nesta sexta, ele apresentou uma terceira versão e confessou ter arremessado os objetos primeiro, dizendo que os disparos dos policiais teriam sido uma reação a isso. Em meio ao vaivém de argumentos, seu intervalo de pena subiu para entre 63 e 78 meses.

 

A juíza do caso, Tanya Chutkan, fixou então a pena mais baixa, de 63 meses (5 anos e 3 meses), a mesma solicitada pelos promotores. “Tenho que deixar claro [com essa pena] que as ações em que você se envolveu não devem acontecer novamente. [Aquele que] tentar atingir violentamente o governo terá uma punição absolutamente firme”, disse a magistrada, segundo a emissora de televisão CBS News.

Palmer, por sua vez, afirmou estar “muito envergonhado” do que fez e disse ter assistido, quando estava na prisão, uma filmagem de si mesmo em um programa de notícias da emissora de TV MSNBC. “Fiquei horrorizado, absolutamente arrasado ao me ver ali.”

Em uma carta à juíza no mês passado, ele escreveu que agora “percebe que os apoiadores de Trump foram enganados por aqueles que, naquele momento, tinham muito poder”, citando o ex-presidente e “os que agiam em seu nome”.

Durante os trâmites processuais, a defesa também adotou a tese de que o republicano teria enganado seus militantes. “Palmer foi ao Capitólio por ordem do ex-presidente. Como muitos outros que participaram da rebelião, ele cegamente seguiu as muitas figuras que falsa, mas persistentemente, alegavam que a eleição tinha sido roubada”, escreveram seus advogados.

Além da pena de prisão, Chutkan ordenou que o condenado pague US$ 2.000 (R$ 11.388) de multa. Após seu período na prisão, ele ainda deverá cumprir três anos de liberdade supervisionada.

Mais de 700 pessoas foram presas sob suspeita de estarem ligadas ao ataque ao Capitólio. Em novembro, Jacob Chansley, que ficou conhecido como “xamã do QAnon” depois de aparecer na invasão usando um chapéu de pele com chifres e o rosto pintado, foi condenado a 3 anos e 5 meses de prisão.

Dois meses antes, Chansley, 34, também havia se declarado culpado. Ele foi preso três dias após o episódio e acusado de desordem civil, obstrução e conduta desordeira.

Até meados de novembro, mais de 30 pessoas já haviam sido condenadas por conexão com o ataque, e a maioria evitou a pena de prisão ao se declarar culpada de infrações menores, como a de conduta desordeira.

Cinco pessoas morreram durante a invasão do Capitólio, entre as quais um policial, que foi atacado por manifestantes. Meses depois, quatro agentes, que também estavam presentes durante o ataque, cometeram suicídio. Cerca de 140 oficiais de segurança ficaram feridos.

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