Mundo bate recorde de casos de Covid-19 com avanço da ômicron

Dados são da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford, que contabilizou uma média diária de 854.603 casos

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Mundo bate recorde de casos de Covid-19 com avanço da ômicron
UTI de Covid-19 (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

THIAGO AMÂNCIO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com o avanço da variante ômicron do coronavírus, potencialmente mais transmissível que as outras cepas em circulação, o planeta voltou a bater recorde de casos de contaminação por Covid-19 nesta segunda-feira (27).

Os dados são da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford, no Reino Unido, que contabilizou na segunda uma média diária de 854.603 casos, considerando os sete dias anteriores -a chamada média móvel.

Antes da atual onda, o recorde havia sido registrado em 25 de abril deste ano, com média de 827.255 casos. À época, a vacinação contra a Covid estava em seus passos iniciais em muitos países.

A média móvel registrada nesta segunda-feira foi impulsionada pela confirmação de 1,45 milhão de casos em um único dia, recorde absoluto até agora, acima dos 905,8 mil registrados em abril. O número, porém, pode refletir um represamento de diagnósticos no Natal, uma vez que os registros caem aos fins de semana e feriados -motivo pelo qual a média móvel é mais indicada para analisar tendências.

Em contrapartida, com o avanço da vacinação, o número de mortes permanece muito abaixo do registrado em ondas anteriores da doença. Nesta segunda, a média móvel de mortes registradas em todo o mundo foi de cerca de 6.440 óbitos, número comparável a outubro de 2020, quando não havia imunizantes disponíveis.

Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde afirmou nesta terça (28) que prevê que a ômicron provoque um aumento nas hospitalizações, sobretudo entre pessoas não vacinadas.

A explosão recente de contaminações da doença se dá de forma diferente pelo mundo e tem sido impulsionada por países do hemisfério Norte, que começam a enfrentar o frio do inverno, estação em que doenças respiratórias em geral se propagam mais facilmente -porque as pessoas passam mais tempo em ambientes fechados, com menor circulação de ar.

Só os Estados Unidos, por exemplo, têm enfrentado uma média de mais de 237 mil casos por dia. A Europa também vem batendo recordes, com média de 448,9 mil casos só nesta segunda-feira (bem acima do pico anterior na onda mais grave até então, em novembro de 2020, com média móvel de 293,7 mil casos).

O Brasil, por outro lado, está em um momento de redução no número de diagnósticos, com média móvel de 4.311 contaminações, de acordo com o levantamento do consórcio de veículos de imprensa.

Mas esse número pode esconder a real situação do país, visto que desde que os sistemas do Ministério da Saúde sofreram um ataque hacker, em 10 de dezembro, estados têm tido dificuldades em enviar informações da doença ao governo federal. É a situação de São Paulo, por exemplo: o estado mais populoso e que tradicionalmente concentra a maior parte dos casos no Brasil não atualiza o número de contaminações e mortes desde o dia 11.

Outro fator que a comparação esconde é a testagem, já que em boa parte das nações europeias e nos EUA é possível fazer exames para detectar a doença de maneira muito mais fácil do que no Brasil -até recebendo testes em casa-, o que permite identificar um volume muito maior de contaminações.

Quando se observa o avanço da doença em países específicos, como o Reino Unido, é possível notar o impacto de uma variante mais transmissível. Os britânicos registraram na segunda-feira média diária de 108,3 mil casos, quase o dobro do recorde anterior, em janeiro (59,7 mil). Segundo a Our World in Data, 58% das contaminações no país são provocadas pela ômicron; há duas semanas, essa cifra era de 9,5%.

Assim, nações que avançaram na imunização com duas doses de sua população têm corrido para dar um reforço da vacina -o que, segundo indicam as pesquisas até aqui, aumenta a proteção contra a nova cepa do vírus. Nesta segunda, o governo francês anunciou que vai reduzir de quatro para três meses o intervalo entre a segunda e a terceira dose, mesmo adotado no Reino Unido; no Brasil, esse prazo é de quatro meses.

Ao mesmo tempo, governos têm ampliado as restrições para conter o vírus. A França limitou o tamanho permitido de aglomerações, proibiu público em pé em shows, restringiu o serviço em bares e restaurantes a consumidores sentados e voltou a incentivar o trabalho remoto e o uso de máscaras em ambientes externos. O país também vem batendo recordes consecutivos de contaminação: nesta segunda, foram 179,8 mil novos casos, elevando a média diária para 87,5 mil.

A Holanda anunciou um novo lockdown até 14 de janeiro, com fechamento de serviços não essenciais. Portugal, uma das nações mais vacinadas do mundo, mandou fechar bares e casas noturnas até 9 de janeiro, período em que o trabalho remoto também será obrigatório, e limitou reuniões públicas a no máximo dez pessoas. A Alemanha também anunciou limitação a reuniões a dez pessoas e fechamento de casas noturnas, além de suspender o público de partidas de futebol.

A China, que trabalha com a estratégia conhecida como “Covid zero”, de não tolerar surtos no país, ampliou nesta terça o lockdown imposto à cidade de Xian, no noroeste do país, após confirmar 200 novos casos.

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