20% dos brasileiros dizem que passaram Réveillon com 11 ou mais pessoas, indica Datafolha
Foram entrevistadas por telefone 2.023 pessoas maiores de 16 anos em todos os estados brasileiros, nos dias 12 e 13 de janeiro deste ano
Felipe Watanabe, de SP – Dois em cada dez brasileiros dizem que passaram a virada de 2021 para 2022 em grupos de 11 ou mais pessoas, segundo pesquisa Datafolha.
Foram entrevistadas por telefone 2.023 pessoas maiores de 16 anos em todos os estados brasileiros, nos dias 12 e 13 de janeiro deste ano. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Outros cerca de 19% afirmam ter passado a virada de ano com 6 a 10 pessoas. Isso quer dizer que cerca de 40% dos brasileiros passaram o Réveillon com 6 ou mais pessoas.
Os mais jovens, com idades de 16 a 24 anos, foram os que mais passaram a virada em grupos maiores do que 11 pessoas (29%). Cerca de 22% dos entrevistados com ensino médio completo e 24% com ensino superior foram pelo mesmo caminho.
Na virada de 2020 para 2021, ainda sem vacinas, em meio à expansão da variante gama no país e ao aumento de casos no Brasil e no mundo, especialistas e entidades de saúde indicavam que o mais seguro seria passar as festas de fim de ano em casa, sem deslocamentos e preferencialmente só com quem morasse na própria casa.
Em compensação, na virada de ano mais recente, com uma cobertura vacinal de ciclo primário (ou seja, duas doses de vacina) ampla na população adulta, especialistas apontavam que encontrar familiares seria algo possível.
A preocupação era o possível impacto que a ômicron poderia ter no país durante e após as festas de fim de ano. A variante tem uma capacidade de transmissão extremamente maior do que as anteriores e já vinha provocando significativos aumentos de casos em locais como a África do Sul (onde foi observada inicialmente), Estados Unidos e países europeus.
Mas com alguns cuidados básicos, como só haver no encontro pessoas totalmente vacinadas e com dose de reforço (se possível), com uso de máscaras e, de preferência, em locais ventilados. E um outro ponto ainda mais importante: encontros pequenos.
A testagem pré-festividades também chegou a ser levantada como possibilidade, mas, no Brasil, por não serem autorizados os autotestes e pelas outras formas de testagem terem preços relativamente elevados, esse cuidado se torna um pouco mais problemático para ser posto em prática.
Logo no início deste ano, porém, os casos de Covid dispararam.
A média móvel de infecções explodiu 733%, em relação a duas semanas atrás, segundo os dados coletados pelo consórcio de veículos de imprensa. A média passou de 8.180 pessoas infectadas por dia, em 31 de dezembro, para 68.160 casos diários, nesta sexta (14).
Em dezembro, o sistema do Ministério da Saúde sofreu um ataque cibernético que dificultou e chegou a impedir os registros de dados dos estados relacionados à pandemia. A pasta afirma que a situação foi, em grande medida, resolvida ainda no mesmo mês, como para registros de casos e mortes. Porém, não é possível deixar de lado a possibilidade de que parte dos números atuais seja resultado de represamento pós-ataque.
Mesmo assim, esses dados não são os únicos que apontam os rumos da pandemia no país.
As internações e ocupação de leitos de Covid também subiram rapidamente no início deste ano. Pelo menos um terço dos estados e dez capitais estão em alerta crítico ou intermediário para a ocupação de leitos públicos de UTI para a Covid, segundo boletim divulgado pela Fiocruz.
Já há dificuldade generalizada para agendamento e realização de testes de Covid, ao ponto de a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) orientar que, por risco de desabastecimento, laboratórios priorizem testes segundo a escala de gravidade da doença. Isso, de fato, já está sendo feito, com testagem destinada prioritariamente para pacientes em situação grave.
Situações de explosão semelhante de casos –e baixas significativas de profissionais de saúde, afastados após contaminação– também estão sendo vivenciadas em outros países em que a ômicron se instalou.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) chegou a alertar que a disponibilidade de vacinas poderia criar uma falsa sensação de segurança.
“Vacinas salvam vidas, mas elas não previnem, completamente, a transmissão”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS. Ele ressaltou, em seguida, a necessidade da atenção para os outros cuidados básicos, como uso de máscaras, evitar aglomerações e espaços com boa ventilação.