Cerca de 130 mil militares russos ocupam fronteira, diz governo da Ucrânia
Mobilização ocorre num momento em que aumentam os temores de que o Kremlin possa avançar em seu plano de invadir o país vizinho
A Rússia já mobilizou 127 mil soldados das Forças Armadas na fronteira com a Ucrânia, disse nesta quarta-feira (19) o Ministério da Defesa ucraniano. A mobilização ocorre num momento em que aumentam os temores de que o Kremlin possa avançar em seu plano de invadir o país vizinho.
Relatório de inteligência emitido pelo governo ucraniano disse que a Rússia enviou tropas de suas regiões central e leste em direção à sua fronteira ocidental “de forma permanente”. Nas últimas semanas, a Rússia moveu “arsenais de munição, hospitais de campanha e serviços de segurança” , o que, segundo a Ucrânia, “confirma a preparação para operações ofensivas”.
A atividade de inteligência da Rússia contra a Ucrânia também se intensificou, segundo a avaliação, com unidades adicionais de tráfego de rádio e satélite sendo implantadas perto da fronteira ucraniana e os voos de reconhecimento ao longo da fronteira triplicaram desde o ano passado.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou a Kiev -capital de sede do governo da Ucrânia- na madrugada desta quarta, enquanto o governo Biden intensifica sua tentativa de impedir o que autoridades alertam que pode ser uma iminente ocupação russa da Ucrânia.
A visita organizada às pressas à capital ucraniana, onde ele se encontrará com o presidente Volodymyr Zelensky antes de embarcar para novas negociações em Berlim e Genebra, ressalta as crescentes preocupações nas nações ocidentais de que o presidente russo, Vladimir Putin, possa usar a força para reafirmar o domínio no antigo país da esfera soviética.
“A força total do grupo terrestre das Forças Armadas da Federação Russa na direção ucraniana concentra mais de 106 mil soldados. Juntamente com o componente marítimo e aéreo, o número total de soldados é superior a 127 mil militares”, disse a Defesa da Ucrânia.
A vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, disse na semana passada que não estava claro se Moscou -sede do governo russo- pretendia usar as negociações como pretexto para alegar que a diplomacia não funciona.
As relações entre o Kremlin e seus homólogos europeus azedaram em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia e apoiou uma revolta pró-Rússia no leste do país, onde os combates entre as forças ucranianas e as tropas pró-Rússia continuam até hoje.
No governo dos EUA entende-se que a incursão é uma tentativa de aumentar a influência russa em outras partes da região. Na Europa, o consenso é que o Kremlin está tentando desestabilizar a União do bloco, que tem 27 membros, com o qual compartilha várias fronteiras.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock -que está entre a recente enxurrada de políticos europeus para visitar a Ucrânia- disse ontem que não há “razão compreensível” para o acúmulo de militares russos perto da Ucrânia.
Ela acrescentou que é “difícil” não ver esse movimento como uma “ameaça”. Enquanto isso, autoridades ucranianas reclamaram da relutância da Alemanha em enviar armas defensivas para ajudar Kiev.