Acordo de príncipe Andrew em caso de escândalo sexual pode ser pago com bens da família real britânica

Apuração diz que o pagamento seria de 12 milhões de libras

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Acordo de príncipe Andrew em caso de escândalo sexual pode ser pago com bens da família real britânica
Acordo de príncipe Andrew em caso de escândalo sexual pode ser pago com bens da família real britânica (Foto: Flickr)

GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) – O acordo extrajudicial anunciado nesta terça (15) pelas defesas do príncipe Andrew e de Virginia Giuffre, em um caso de escândalo sexual, escalou a pressão para que o filho da rainha Elizabeth 2ª seja destituído do título de duque de York e levantou dúvidas sobre qual será a origem do dinheiro a ser pago.

Os advogados do caso não especificaram a quantia que será entregue a Giuffre para que o processo seja encerrado.

Apuração do jornal Daily Telegraph diz que o pagamento seria de 12 milhões de libras (R$ 84 milhões) –10 milhões iriam para a americana, e o restante, para uma instituição de atendimento a vítimas de tráfico sexual.

De onde virá o dinheiro? O Telegraph apurou que a origem poderia ser uma das propriedades privadas da rainha Elizabeth 2ª, mas o duque, que recebe uma pensão da Marinha e uma bolsa do ducado de Lancaster, também poderia usar o dinheiro da venda de um luxuoso chalé suíço avaliado em 18 milhões de libras, segundo o The Times.

O assunto reacendeu o debate sobre a relação entre a verba da família real e o financiamento público. Grupos antimonarquia cobraram maior esclarecimento sobre a quantia envolvida no acordo e sua origem.

Graham Smith, diretor do grupo antimonarquia Republic, um dos principais no país, alegou em comunicado que a maior parte do dinheiro vem dos contribuintes, de uma forma ou de outra. “Seja qual for a maneira que encontrem, somos nós que estamos pagando para que Andrew se salve de um julgamento.”

Também voltou à tona o descrédito público da figura do príncipe que, pressionado, já havia deixado de assumir compromissos públicos em nome da monarquia e renunciado a seus títulos militares. A pressão para que Andrew tenha destituído o título de duque de York, papel criado para o segundo filho da rainha e vitalício, é crescente.

A parlamentar Rachael Maskell, que representa o distrito de York, declarou ao The Guardian que manter o título sustentaria uma relação de “embaixador de York”, algo prejudicial a uma cidade com reputação global. Ela saudou o comprometimento do príncipe com o combate ao abuso sexual, mas disse que, “para demonstrar sua seriedade e respeito pelos afetados, ele deveria apoiar a retirada de seu título de duque.”

Darryl Smalley, um vereador local, também sustentou que é preciso cortar a ligação direta do filho da rainha com a cidade. “A conexão de York com a coroa é uma parte importante do legado da nossa cidade e fonte de orgulho; o palácio de Buckingham e o governo devem considerar as implicações das alegações preocupantes contra Andrew.”

A rainha Elizabeth 2ª não pode remover títulos de membros da família real. Tentativas do tipo devem ser lideradas pelo Parlamento britânico, por meio de um estatuto, mas ainda não houve manifestação formal do Legislativo sobre o assunto.

A pressão também veio por parte da imprensa local, cujas primeiras páginas foram amplamente estampadas com o assunto nesta quarta (16). Editorial do jornal The Sun, por exemplo, diz que Andrew “está acabado” e que “deve abandonar por completo a vida pública e viver sua aposentadoria em desonra”.

No acordo extrajudicial anunciado nesta semana, Andrew, pela primeira vez, descreve Giuffre como uma vítima, ainda que negue que tenha abusado sexualmente da americana. Ele também se solidariza de forma mais enfática com as mulheres vítimas de tráfico e abuso sexual.

Giuffre entrou com um processo judicial contra o príncipe em um tribunal de Nova York, nos EUA, em agosto do último ano. Ela o acusa de ter abusado sexualmente dela em três ocasiões diferentes, quando tinha 17 anos. Os abusos teriam tido a ajuda do bilionário Jeffrey Epstein, com quem Andrew manteve relação próxima por anos.

Epstein se suicidou em uma prisão nos Estados Unidos em 2019 quando aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual e conspiração criminosa para traficar menores para explorá-los. Sua companheira de longa data, Ghislaine Maxwell, foi posteriormente condenada pela Justiça dos EUA em cinco acusações, por recrutar jovens e ajudar o investidor a abusar dela. Os abusos contra Giuffre teriam ocorrido em propriedades de Epstein e de Maxwell.

Fundação do príncipe Charles é investigada Outro caso envolvendo um membro da família real veio à tona em meio às celebrações do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth 2ª, em que a monarca comemora seus 70 anos de reinado.

Desta vez, o envolvido é o príncipe Charles, primeiro na linha de sucessão do trono, que está em isolamento após saber que está com Covid.

A Scotland Yard, a polícia metropolitana de Londres, anunciou nesta quarta a abertura de uma investigação envolvendo doações feitas a uma fundação de caridade de Charles pelo empresário saudita Mahfouz Marei Mubarak bin Mahfouz.

Investigações da imprensa usadas como fonte dos agentes de segurança sugerem que Mahfouz fez as doações para que recebesse o título de honra de Comandante do Império Britânico e, depois disso, obtivesse a cidadania britânica. Caso a honra esteja relacionada à doação, pode haver violação da Lei de Honras do Reino Unido.

A Clarence House, residência oficial de Charles e de sua esposa, Camilla, nega que o príncipe tivesse conhecimento da suposta oferta de honras ou da cidadania britânica com base na doação para sua instituição de caridade, ainda segundo o The Guardian. A fundação do príncipe, por sua vez, negou-se a comentar.

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