Justiça dos EUA condena ex-policiais do caso George Floyd por deixá-lo morrer

No entendimento da lei americana, eles nada fizeram para impedir a violência ou socorrer

Folhapress Folhapress -
Justiça dos EUA condena ex-policiais do caso George Floyd por deixá-lo morrer
(Foto: Agência Brasil)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Três ex-policiais que estavam presentes no momento em que George Floyd foi assassinado nos EUA em 2020 foram considerados culpados de crimes federais por privarem o ex-segurança de seus direitos constitucionais ao não fornecerem assistência médica a ele. A decisão foi proferida nesta quinta-feira (23).

Thomas Lane, Tou Thao e J. Alexander Kueng, todos ex-agentes da cidade de Minneapolis, participaram da abordagem em que o também ex-policial Derek Chauvin pressionou o pescoço de Floyd com seu joelho por mais de nove minutos, levando-o à morte.

No entendimento da Justiça americana, eles nada fizeram para impedir a violência ou socorrer Floyd da abordagem.

Os jurados também consideraram Thao e Kueng culpados de uma acusação adicional por não terem intervindo para parar Chauvin.

Chauvin se declarou culpado pela mesma acusação de violação dos direitos de Floyd, mas apenas depois de ser condenado por três categorias de homicídio. Ele cumpre pena de 22 anos e meio em uma prisão de segurança máxima de Minnesota.

A promotora Manda Sertich afirmou que os policiais “escolheram não fazer nada” enquanto Chauvin pressionava o pescoço do homem negro. Segundo ela, essa escolha resultou na morte de Floyd.

A acusação de violação de direitos também está relacionada ao fato de que Lane, Thao e Kueng teriam privado a vítima de assistência médica ao decidirem não intervir na ação de Chauvin e falhado no treinamento que poderia ter salvado a vida de Floyd, quando ele ficou inconsciente.

A promotora também apontou o que cada um dos três teria feito durante a abordagem que justificava a acusação.

Segundo ela, enquanto Thao ignorava as testemunhas que avisaram que Floyd estava desmaiado, Kueng se preocupava com o estado dos pneus da viatura, e Lane, embora tivesse mostrado preocupação com o estado da vítima, “não fez nada que desse a Floyd a assistência médica de que ele desesperadamente precisava”.

O advogado de Lane argumentou que o cliente não deveria nem estar sendo acusado, já que manifestou preocupação com o estado de Floyd e teria sugerido a Chauvin duas vezes para virá-lo de lado de modo a facilitar a respiração.

Disse ainda que Lane teria feito o procedimento de ressuscitação em Floyd após a chegada da ambulância.

A linha da defesa de Kueng tentou argumentar que o ex-policial não havia sido treinado adequadamente para intervir e que Chauvin liderava o grupo. Tanto Kueng quanto Lane eram novos na corporação.

Já o advogado de Thao afirmou que seu cliente não agiu de má-fé, por acreditar que a abordagem era adequada diante da suspeita de que Floyd estava drogado.

Os três ex-policiais aguardam a audiência de sentença, que ainda não foi agendada, em liberdade. Violar os direitos constitucionais de um cidadão pode ser punido com pena de prisão perpétua de acordo com o Departamento de Justiça americano, a depender das circunstâncias, mas esperasse que os ex-agentes recebam sentença menor.

O veredicto representa uma vitória significativa para o Departamento de Justiça, que, sob a administração do governo de Joe Biden, prometeu ser mais assertivo no julgamento de violações de direitos civis.

A decisão do júri, composto por oito mulheres e quatro homens, ocorre dois dias depois que os três homens brancos condenados por perseguir e matar o jovem negro Ahmaud Arbery enquanto ele praticava corrida em um bairro de maioria branca na Geórgia foram também considerados culpados de cometer crimes de ódio.

Foi a primeira vez que condenados por um homicídio de grande repercussão como esse enfrentaram um tribunal do júri por crimes de ódio. Na prática, a conclusão da Justiça é que os réus mataram Arbery por ele ser negro.

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