UE discute comprar gás em conjunto para amortecer crise de preços após guerra
Presidência já havia sugerido, no ano passado, que os 27 países-membros se agrupassem para a criação de estoques estratégicos de gás natural
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os líderes dos países da União Europeia (UE) devem se comprometer a comprar conjuntamente gás natural, gás natural liquefeito (GNL) e hidrogênio para o próximo inverno. A decisão será anunciada ao fim do Conselho Europeu, previsto para esta semana em Bruxelas, como mostra o projeto de declaração final do encontro.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, o principal fornecedor de gás para a Europa, fez os preços da energia subirem, forçando os 27 países-membros da UE a buscarem urgentemente diversificar suas fontes de abastecimento, a fim de reduzirem sua dependência em relação a Moscou.
O projeto de declaração final do Conselho Europeu, que será dedicado principalmente a esta questão nesta quinta-feira (24) e sexta-feira (25), indica que os Estados-membros e a Comissão Europeia irão “trabalhar juntos na compra comum de gás natural, GNL e de hidrogênio”.
A presidência da UE já havia sugerido, no ano passado, que os 27 se agrupassem para a criação de estoques estratégicos de gás natural, solução apresentada por alguns países, como a Espanha, como uma forma eficiente de amortecer a crise energética.
Esta proposta, que inicialmente foi mal recebida pelos países fornecedores porque limitaria a margem de manobra dos preços, e que também despertou relutância dentro da UE, ganhou importância com a guerra na Ucrânia. O conflito pode prejudicar o fornecimento de gás russo a curto e médio prazos, pois é de lá que vem o gás para suprir 40% das necessidades atuais da Europa.
A Comissão europeia anunciou que pretende ajudar os 27 países a montar um cronograma de compras conjuntas. A proposta será apresentada esta semana aos Estados-membros para que adotem uma regra impondo, ainda, o preenchimento de 90% de suas reservas de gás, antes de cada período de inverno. As capacidades de armazenamento da UE, atualmente, estão em apenas 26%. O projeto de declaração ainda salienta que os países devem concordar em coordenar esta constituição de estoques e que comecem a fazê-lo “o mais rápido possível”.
Os chefes de Estado e de governo vão discutir, também, novas medidas para proteger os consumidores contra os aumentos dos custos de energia, bem como otimizar o funcionamento dos mercados de energia.
Os governos europeus já gastaram dezenas de bilhões de euros para limitar o impacto do aumento do custo da energia, que havia começado mesmo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, os países ainda discutem formas de chegar a um acordo sobre uma resposta coordenada, em meio à divergências sobre o controle de preços.
Se França, Espanha, Portugal, Itália, Grécia e Bélgica pedem regulação de preços em nível da União Europeia, outros países, como Alemanha, Holanda e Dinamarca são mais relutantes em adotar tal medida, em particular por medo de que uma forma disfarçada de subsídio de energia a combustíveis fósseis desencoraje investimentos em energias renováveis.