Censo da Argentina mostra aumento da população e inclui questões de diversidade
Pesquisa estava agendada para 2020, mantendo a prática de fazer a contagem a cada dez anos, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19
SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Os dados preliminares coletados no censo realizado na Argentina nesta quarta-feira (18) indicam que a população do país subiu para pouco mais de 47 milhões.
No último levantamento, feito em 2010, os argentinos somavam 40.117.096 habitantes. Agora eles são 47.327.407 -crescimento de quase 18%. A pesquisa realizada nesta quarta estava agendada para 2020, mantendo a prática de fazer a contagem a cada dez anos, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19.
O aumento da população argentina não altera o ranking dos países com mais habitantes da América do Sul. O Brasil, com 212,6 milhões de pessoas, segue isolado na liderança. Em segundo lugar vem a Colômbia, com 50,1 milhões. A Argentina e seus 47 milhões de habitantes ficam na terceira posição.
Nas redes sociais, o presidente Alberto Fernández comemorou a cifra. “Somos mais de 47 milhões de argentinas e argentinos! Hoje, graças ao esforço de todas e todos, temos mais certeza para trabalhar por um futuro melhor”, escreveu.
O dia em que se realiza o censo é feriado nacional na Argentina. Nenhum estabelecimento comercial pode abrir, e apenas serviços básicos seguem em funcionamento. A ideia é que todos fiquem em casa aguardando a visita dos recenseadores.
Das 8h às 18h, 650 mil voluntários percorreram as casas argentinas. O questionário deste ano apresentou algumas novidades. Além de perguntar quantas pessoas vivem em cada casa e quantos ambientes cada imóvel possui, foram introduzidas perguntas relacionadas a questões de identidade racial e de gênero.
Além das opções de “homem” e “mulher”, os argentinos também puderam declarar se veem a si mesmos como mulher trans, travesti, homem trans, transmasculino, não binário ou outra identidade. Em relação à autodeclaração racial, o censo deste ano também trouxe as opções de “afrodescendente” e “descendente de povos indígenas”.
“O censo é a imagem exata de quem somos. Não podemos planejar para onde queremos ir como país se não soubermos o que somos, se não nos reconhecermos em nossas diversidades culturais, étnicas, socioeconômicas ou sociodemográficas, e o censo nos dá esta informação”, disse Marcos Lavagna, diretor do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), órgão equivalente ao IBGE.
Ainda segundo os dados provisórios, o censo argentino revelou que 52,83% da população são mulheres e 47,05%, homens; 0,12% afirmaram não se reconhecer sob nenhuma dessas categorias.
Não há previsão para a divulgação dos resultados consolidados, e eles podem demorar até oito meses, uma vez que parte da população foi questionada de modo presencial e outra de modo digital. Pela primeira vez no país, houve a opção de responder ao censo por meio de um formulário na internet, opção escolhida por cerca de 23,8 milhões de argentinos, pouco mais de 50% da população, segundo o Indec.
No primeiro censo realizado na Argentina, em 1895, foi contado 1,8 milhão de pessoas. Em 1914, a cifra era de 7,9 milhões, e, em 1947, subiu para 15,9 milhões. A partir de 1960, quando foram registrados 20 milhões de habitantes, o censo passou a ser realizado a cada dez anos e apresentou um aumento médio de 4 milhões de pessoas por década até chegar aos 40,1 milhões de 2010.