“Não tem dor maior do que ver o filho ser maltratado” diz pai de criança autista expulsa de academia em Goiânia

Menino de cinco anos acompanhava tranquilamente os genitores, quando funcionários do estabelecimento exigiram que ele se retirasse do local

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Guilherme e Thais, pais de João, passaram por situação delicada em academia no último sábado (4). (Foto: Arquivo Pessoal / Guilherme Tavares).

“Não tem nenhuma dor maior do que ver seu filho ser maltratado”. Esse foi o desabafo de Guilherme Tavares, pai do pequeno João, de cinco anos, ao falar com o Portal 6 sobre um caso de discriminação envolvendo a criança, ocorrido dentro de uma academia.

Isso porque o menino, diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), foi impedido pelos funcionários do estabelecimento de permanecer no local, que chegou a pedir que ele saísse de lá.

O caso ocorreu no último sábado (04), no setor Parque Industrial João Braz, em Goiânia. Guilherme e a esposa, Thais Ruas – que também é mãe de João – foram para a academia e, por não ser um dia letivo, levaram o filho junto, já que não tinham mais onde deixá-lo.

Chegando na academia, o espaço “dedicado” às crianças era apenas uma sala com duas mesas, sem cadeiras nem nada que o garoto pudesse fazer lá. Assim, os pais tiveram que ligar para o dono do estabelecimento e negociar a entrada do menino por mais de meia hora.

Isso porque existe uma lei, instituída em 2012, que garante que qualquer criança diagnosticada com autismo possa estar acompanhada por seus pais e não receber tratamento discriminatório.

Após muita discussão, a mãe conseguiu entrar com João na área de exercícios. Enquanto Thaís fazia seu treino, o garoto se sentou em uma bicicleta ergométrica ao lado e estava brincando no celular.

Foi aí que a recepcionista pediu para que ele saísse do equipamento ou se retirasse do local. Defendendo o filho, os pais contestaram a funcionária, levantando inclusive a questão da legislação, mas a administração da academia não aceitou a permanência do menino.

“Eles disseram que eram as ‘normas’, mas elas nunca foram apresentadas. Também não tinha nada escrito dizendo que crianças não poderiam ficar ali. Eles depois entraram em contato comigo e disseram que ‘eu tinha que compreender’ [essas supostas regras]”, relembrou Guilherme.

O pai de João afirmou que entrará na Justiça contra o estabelecimento, não apenas pelos direitos da família dele, mas para fortalecer a luta de todos os pais e mães de crianças no espectro do autismo e de outras crianças neurodivergentes.

“A gente não está preparado para ver quem a gente ama sofrer esse tipo de discriminação. Os preconceitos partem até de onde menos se espera”, complementou Guilherme, que afirma já ter perdido amigos e até se afastado da igreja em decorrência disso.

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