Presidente da CEI da Comurg faz balanço dos 45 dias de trabalho e dá mostras que ela está longe de terminar
Além de investigar irregularidades em repasses e contratos, Ronilson Reis destaca as descobertas de nepotismo e desvios na execução de emendas parlamentares na autarquia
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Goiânia que apura supostas irregularidades na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) completou 45 dias de atividades nesta quarta-feira (26).
Inicialmente criada para investigar contratos não cumpridos e a falta de repasses ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Municipais de Goiânia (IMAS), a CEI também avançou sobre temas constrangedores para o Paço Municipal e dirigentes que passaram pela autarquia.
Se para alguns ela está indo longe demais e perdendo o foco, para outros as investigações estão jogando luz sobre práticas que precisam ter fim no órgão.
Em entrevista ao Portal 6, o presidente do colegiado, vereador Ronilson Reis (PMB), adiantou o provável pedido de indiciamento dos responsáveis e deu a entender que os trabalhos estão longe de terminar.
“Já ouvimos 11 pessoas entre presidentes, diretores, gerentes, gestores de contratos e temos mais nove pessoas para serem ouvidas. O que nós temos preliminarmente é que há indícios de muitas irregularidades”, destaca.
A contratação de familiares e parentes de dirigentes da autarquia são algumas das já constatadas pela comissão.
“Há nepotismo na Comurg. O sogro do Alison Silva Borges [presidente da companhia] é diretor de urbanismo. Tá nítido o parentesco e o nepotismo e várias pessoas como primos, cunhados. Lá é um cabide de empregos”, aponta Ronilson.
O desvio das emendas parlamentares orientadas pelos vereadores também foi outra prática desnudada na CEI, a partir do testemunho do ex-diretor administrativo-financeiro da Comurg, Ricardo Itacarambi, que demonstrou com documentos que parte da verba foi utilizada fora da destinação original.
“Os vereadores destinaram cerca de R$ 16 milhões para a construção ou reforma de praças. Parte do dinheiro foi utilizado para pagar fornecedores e funcionários. De 50 praças, apenas 16 foram entregues. Você vê nitidamente que são indícios de improbidade administrativa”, afirma o presidente da CEI.
“São uma série de irregularidades e no final vai ter responsabilização individual de cada indivíduo. São mais dois meses e 15 dias para concluir os trabalhos desta CEI”.
Consequências
A fala de Ronilson é corroborada pela vereadora Sabrina Garcez (Republicanos) que, apesar de pertencer a mesma agremiação do prefeito Rogério Cruz, tem atuação independente. Ela é uma das que defende a saída dos atuais dirigentes da autarquia e uma revisão no quadro de funcionários.
“Tem que ter um afastamento da diretoria da Comurg. As obras não foram entregues com o encerramento do contrato. A questão que foi falado dos cargos, da alta quantidade de comissionados, isso precisa ser revisto. A CEI deve pedir o afastamento dos diretores”, assegura a parlamentar.
Para Ronilson Reis, o problema da Comurg está na politicagem e no trabalho ruim realizado por gestores atuais e anteriores.
“O problema da Comurg é a má gestão e a politicagem dentro da autarquia. Dinheiro público desperdiçado, mal administrado e vai virando essa bola de neve”,
De acordo com o vereador, caso houvesse a responsabilidade com o erário, a questão financeira já teria sido resolvida.
“Falta uma responsabilidade de gestão na Comurg, se tivesse uma responsabilidade de gestão muita coisa teria sido resolvida e a saúde financeira teria sido resolvida”, opina.