Central de Transplantes de Goiás aponta falhas em nova legislação de doação de órgãos

Representante aponta que "não adianta ter um cadastro de doadores porque quem decide é a família. O que precisamos é de campanhas"

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
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Profissional da saúde. (Foto: Divulgação)

Foi sancionada lei que determina a criação do Cadastro Estadual de Doadores de Órgãos e Tecidos de Goiás, cuja finalidade é aprimorar o processo de doação e diminuir o tempo de espera na fila de transplantes. No entanto, no Brasil, transplantes ocorrem somente após a autorização dos familiares, fato que justificou a posição contrária da Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde (SES) à nova lei.

O órgão destacou que, nos primeiros quatro meses de 2023, foram realizados 259 transplantes de órgãos e tecidos. Deste número, 193 foram de córneas, 50 de rins e 12 de medula. Houve ainda dois transplantes de músculo esquelético e dois de fígado.

O cenário se mostra preocupante ao analisar o tempo de espera para que essas operações fossem realizadas. Segundo a gerente de Transplantes da SES, Katiúscia Christiane Freitas, o tempo médio é de dois anos, situação que se agravou com a pandemia.

No primeiro quadrimestre deste ano, o estado registrou um aumento de 52% de doadores, fruto do trabalho de preparação de equipes de profissionais de saúde para a conscientização da população acerca do processo de doação.

“Temos treinado muitos profissionais para acolher e ter uma comunicação da morte encefálica. Também temos alcançado cidades que não tinham transplantes, como Formosa e Trindade”, disse ao Portal 6.

Diante disso, a gerente reforça que a Central de Transplantes não concordou com a nova legislação e que o trabalho a ser feito é de preparação, considerando que a recusa familiar é a maior barreira, totalizando em 68,9% dos casos, enquanto média nacional é de 46%, afirma.

Diversos motivos causam a recusa, como a preferência pela integridade do corpo, desconhecimento do desejo do indivíduo, receio do processo e da demora para entregar o corpo.

“O que a gente percebe é que palestras e sensibilização ajudam muito a tirar mito e tabu em torno da doação de órgão. O Brasil tem uma das legislações mais rigorosas do mundo de morte encefálica”.

Portanto, a representante aponta que “não adianta ter um cadastro de doadores porque quem decide é a família. O que precisamos é de campanhas.” Dessa forma, o cadastro só seria efetivo se for para notificar a família sobre o desejo da pessoa, defende.

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