Zema diz que não foi convidado para evento com Lula; Planalto rebate
"Também não houve nenhum contato informal com a Secretaria Executiva do Governador para comunicação da agenda", diz governo estadual
JOSÉ MATHEUS SANTOS, RENATO MACHADO E VINICIUS LUIZ
RECIFE, PE, BRASÍLIA, DF, E NOVA LIMA , MG (FOLHAPRESS) – A viagem do presidente Lula (PT) a Nova Lima (MG) criou uma guerra de versões entre o governo federal e o governador mineiro Romeu Zema (Novo), que alega não ter sido convidado para participar dos eventos.
O Governo de Minas afirma não ter recebido nenhum email formal por parte da Presidência da República convidando o governador mineiro, que é adversário político de Lula e potencial candidato ao Planalto em 2026.
Por outro lado, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) afirma que o evento é realizado pela empresa Biomm -e não pela Presidência-, que teria convidado Lula. Mesmo assim, o cerimonial da Presidência diz que entrou em contato com o gabinete do governador, que teria confirmado a ausência de Zema.
O Governo de Minas Gerais afirmou em nota que não houve nenhum convite, seja ele formal ou informal, para a participação de Zema. “Também não houve nenhum contato informal com a Secretaria Executiva do Governador para comunicação da agenda”, diz o governo estadual.
A Presidência da República, por sua vez, afirma que a Biomm enviou um convite para o gabinete do governador no dia 16 deste mês, ouvindo como resposta que Zema não poderia participar e que seria representado pela secretária-adjunta de Saúde, Poliana Lopes.
O cerimonial então afirma ter entrado em contato com o gabinete de Zema -rebatendo a versão do governador mineiro- e que foi confirmada a ausência dele no evento.
A reportagem procurou a empresa e aguarda resposta.
A situação se contrasta com a ida de Lula a Minas Gerais em março. Na ocasião, o presidente visitou Serra do Salitre, no interior do estado, e estava acompanhado de Zema. Em discurso, Lula chegou a dizer que não pergunta a governadores para qual time eles torcem no estado.
Lula tem afirmado publicamente que busca manter diálogo com todos os entes federados, mesmo aqueles mais ligados à oposição. Por isso busca convidar todos os governadores dos estados onde vai anunciar a obra.
Também tem adotado uma posição de evitar que seus apoiadores vaiem os governadores adversários. Em um caso recente, o presidente buscou parar as vaias à vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), se levantando e se colocando ao lado dela, enquanto ela discursava.
A mesma postura já havia sido adotada em viagem a Pernambuco, quando o público hostilizava a governadora Raquel Lyra (PSDB).
No ano passado, durante a sua live Café com o Presidente, Lula havia afirmado que pretendia ir a Minas Gerais e São Paulo com ou sem a presença dos governadores adversários, respectivamente Zema e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os eventos eram ligados ao governo federal, que emprestaria recursos para os projetos
“Eu quero ver se na outra semana eu consigo ir a Minas Gerais e a São Paulo, para discutir os investimentos do estado de São Paulo. Vamos tentar fazer um ato, vamos tentar a participação do governo do estado. Se [Tarcísio] quiser participar, se não quiser participar, a gente fará o ato do mesmo jeito”, afirmou, em agosto do ano passado.
“Mas, como nós somos civilizados, nós vamos fazer e convocar o governador, porque é importante ele estar, porque os compromissos que nós vamos assumir são com eles também. Se vamos emprestar dinheiro do governo federal, do BNDES, para fazer a ferrovia Campinas-São Paulo, nós queremos que o governador esteja presente, afinal de contas é o estado de São Paulo que vai fazer”, completou.
Essa é a terceira visita de Lula a Minas Gerais em 2024. Além de Serra do Salitre, o petista foi a Belo Horizonte em fevereiro para anúncios de investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no estado.
Dessa vez, Lula participa da cerimônia de inauguração da planta de produção de insulina da Biomm, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. O evento marca o início da produção do hormônio no país por uma empresa nacional e tem potencial para atender 1,9 milhão de pacientes, segundo o governo federal.
À tarde, o presidente visitará as instalações do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, e a sede da Embraer, ambas em São José dos Campos, no interior de São Paulo. No evento, será inaugurado um alojamento estudantil com capacidade para 80 estudantes dentro do projeto de expansão do ITA.