RS deve ter novas tempestades esta semana, e situação de Porto Alegre pode piorar
Meteorologista do Inmet Glauco Freitas diz que essa tempestade ocorrerá mais próxima do litoral, o que facilitará o escoamento das águas para o mar
CLAUDINEI QUEIROZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar de o Rio Grande do Sul não estar perto de voltar à rotina normal após as tempestades que deixaram 336 municípios em calamidade pública nos últimos dias, a previsão do tempo não é nada boa para a sequência do outono. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), uma nova frente fria chega ao sul do estado, provocando mais chuva e derrubando a temperatura nesta semana.
O instituto emitiu nesta segunda-feira (6) um aviso de tempestade de nível vermelho, de grande perigo, para as regiões do Chuí, Rio Grande e Pelotas. Nessa faixa, há previsão de chuva superior a 60 mm/h ou maior que 100 mm/dia, ventos superiores a 100 km/h, e queda de granizo.
É uma área que não foi tão afetada pelos temporais dos últimos dias, mas que também pode sofrer as consequências do grande volume de precipitação até esta quarta-feira (8). Segundo o Inmet, há grande risco de danos em edificações, corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores, alagamentos e transtornos no transporte rodoviário.
Nos municípios mais a oeste, como Bagé, Alegrete e Barra do Quaraí, as chuvas terão menor intensidade, mas ainda assim podem provocar danos ao solo já encharcado. Nessa faixa, a previsão é de chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, e ventos intensos entre 40 e 60 km/h, o que também pode provocar queda de granizo e alagamentos.
O meteorologista do Inmet Glauco Freitas diz que essa tempestade ocorrerá mais próxima do litoral, o que facilitará o escoamento das águas para o mar. No entanto, serão sobre a lagoa dos Patos, que é ligada ao lago Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre.
Com isso, o aumento do volume da lagoa também aumentará no lago, piorando a situação da capital gaúcha, já embaixo d’água.
“Uma série de fatores vai atrapalhar a recuperação da região, como o solo encharcado, que vai levar bastante tempo para voltar ao normal.
Algumas coisas só voltarão ao normal no fim do ano, como a limpeza e as obras de recuperação da infraestrutura. O aeroporto, por exemplo, ficará fechado até o fim do mês. E lá é só para fazer o escoamento da água”, destaca Freitas.
O Inmet alerta, porém, que um ciclone extratropical formado sobre a Argentina se deslocará de forma rápida para o oceano, mas estenderá uma frente fria por todo o Rio Grande do Sul, levando instabilidade às demais áreas do estado.
Outro complicador para os gaúchos será a baixa temperatura. A frente fria será acompanhada por uma massa de ar polar que diminuirá as temperaturas. Nesta quarta-feira, as mínimas ficarão entre 12°C e 14°C na maior parte do estado, como em Porto Alegre, caindo para mínimas entre 4°C e 8°C nas nas áreas mais frias do sudoeste, planalto e serra cidades mais ao sul.
Para o fim de semana, a expectativa é de tempo úmido e gradativamente mais frio. A chuva com mais intensidade deve ocorrer no norte e leste do estado. No sul e oeste, por sua vez, o tempo fica mais seco a partir da segunda-feira (13).
O meteorologista do Inmet explica que o grande problema é que a região não terá 10 ou 15 dias de tempo seco para se recuperar. Os sistemas frontais se tornam mais frequentes com a proximidade do inverno, o que acaba provocando mais chuva. Ele diz que a tendência é que essa frequência de sistemas frontais seja semanal, deixando sempre o solo encharcado e dificultando o escoamento das enchentes.