‘Bridgerton’ vê o casamento como válvula de escape para mulheres em 3ª temporada

Para Brownell, a particularidade dos novos episódios é a abordagem de um casal por quem o público vem torcendo desde o começo

Folhapress Folhapress -
‘Bridgerton’ vê o casamento como válvula de escape para mulheres em 3ª temporada
3ª temporada estreou nesta quinta-feira (16). (Foto: Captura/YouTube/Netflix)

SUSANA TERAO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A terceira temporada de “Bridgerton” que chega à Netflix nesta quinta (16) supera alguns desafios para toda a equipe dessa superprodução que se tornou uma queridinha do público ao repaginar os clássicos romances da corte inglesa do século 19 com boa dose de picância e elementos contemporâneos.

Um deles é a chegada de uma nova produtora-executiva, Jess Brownell –substituindo Shonda Rhimes no comando. Ela foi responsável por conduzir a adaptação que dá um salto cronológico em comparação ao enredo dos livros de Julia Quinn.

No caso, o terceiro livro, “Um Perfeito Cavalheiro”, é protagonizado por Benedict Bridgerton, mas a decisão foi de antecipar os acontecimentos do quarto volume, “Os Segredos de Colin Bridgerton”, para que a história de Penelope Featherington fosse desenvolvida logo.

Para Brownell, a particularidade dos novos episódios é a abordagem de um casal por quem o público vem torcendo desde o começo. Ao contrário de outros pares românticos, cuja trajetória romântica cresce aos olhos do espectador, Penelope Featherington e Colin Bridgerton são amigos de longa data.

“Penelepe tem essa paixão não correspondida há muitos anos, então é um diferencial para a série, porque sabemos que este romance cresceu a partir de um conhecimento íntimo entre os dois”, diz a produtora-executiva.

A expectativa dos fãs é alta para o casal apelidado carinhosamente de Polin –junção do nome dos protagonistas. “Já nos conhecemos há cinco anos, então isso facilitou. Não chegamos para ensaiar e já entrar em uma cena romântica juntos. Tivemos um desenvolvimento e compartilhamos os sentimentos dos fãs, como a frustração de eles não estarem juntos”, diz o ator Luke Newton, que vive Colin.

A atriz Nicola Coughlan diz apreciar a complexidade da sua Penelope. De fato, entre os personagens de “Bridgerton”, é ela quem possui mais camadas a serem exploradas, sobretudo por ter uma dupla identidade. Além de uma garota tímida e sonhadora, ela também assume a faceta de Lady Whistledown, uma colunista social que detona reputações e revela toda a sorte de escândalos da aristocracia londrina.

Seu caráter e suas decisões duvidosas já quase a alçaram a vilã da série, já que suas fofocas prejudicaram, e muito, amigos e sua própria família.

Anti-heroína ou não, a busca por um arco de redenção é um dos motes deste enredo. No centro dos holofotes, Penelope decide que vai parar de se esgueirar pelos cantos dos bailes e, de forma pragmática, encontrará um pretendente. Além da idade, ela quer fugir o quanto antes da sua família.

Em um contexto parecido com o de Cinderela –mãe ausente, irmãs malvadas, mudança de visual e atenção do moçoilo mais badalado da elite–, a protagonista se vê solitária. Além de ter se afastado da melhor amiga Eloise Bridgerton –papel de Claudia Jessie– na segunda temporada, ela não sabe flertar e não tem dotes financeiros que a tornem um bom partido na alta sociedade.

“Nós sabemos que ela é a maior romântica, adora o amor e se deixa levar pelas emoções, então é interessante ver ela tentando negar essa característica”, diz Coughlan. “Mas essa foi a realidade para muitas mulheres naquela época, era a única válvula de escape.”
Brownell reforça a importância do casamento na era regencial inglesa para a mudança nos padrões de vida feminina. “Era a melhor chance de uma mulher conseguir liberdade, mesmo que objetivamente fosse fechar um contrato com um homem”, afirma. “Significava que você poderia ter amizades masculinas, sair sozinha, até se envolver em casos extraconjugais, desde que conseguisse manter em segredo, além de uma certa liberdade financeira.”

Para além das declarações apaixonadas e cenas eróticas que tornaram a série famosa, a nova leva de episódios traz elementos interessantes em relação à individualidade das mulheres. Ganham destaque, por exemplo, os talentos e paixões pessoais, que transpõem interesses românticos, como o de Penelope pela escrita e o de Francesca Bridgerton pelo piano.

“É um pouco anacrônico para uma mulher como Penelope na era regencial ter toda essa carreira na escrita”, afirma Brownell. “Mas acreditamos que temos a licença poética para isso.”

Em comparação com temporadas anteriores, o tom aqui é mais cômico para ilustrar a dinâmica do casal, mas também é destacado o amadurecimento de ambos para além das aparências.

“Tanto a Penelope quanto o Colin aprendem que você não pode transformar seu exterior e esperar que seu interior mude também”, diz Coughlan. “Eles se dão conta, mesmo que de um modo bastante lento, que eles precisam olhar para si mesmos para conseguir mudanças.”

BRIDGERTON – 3ª TEMPORADA

Quando: Estreia nesta quinta (16)

Onde: Disponível na Netflix

Classificação: 16 anos

Elenco: Luke Newton, Nicola Coughlan, Jonathan Bailey

Produção: EUA, 2024

Criação: Chris Van Dusen

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