Artista anapolino dá grande lição de vida após sobreviver à Covid-19
No artigo de hoje, conto um pouco da história inspiradora de Luiz Monteiro
Muitas coisas se partiram durante a pandemia da Covid-19. Luiz Monteiro, artista visual e performer anapolino, viveu uma dessas experiências. Quebrou-se em muitas partes depois de uma internação de seis meses causada pela covid-19, um diagnóstico de meningite e toxoplasmose. O então estudante de teatro da UFG, viu seu sonho de atuar despedaçar-se no chão a partir das sequelas que o marcam até hoje: um retardo na fala e a diminuição da força motora do lado direto.
O maior susto, no entanto, não foram as sequelas. As doenças que viveu naquele período fizeram com que os médicos investigassem mais a fundo seu estado de saúde e percebessem que o jovem era uma pessoa que vivia com HIV, motivo para que seu corpo sentisse ainda mais os efeitos do isolamento.
O ano de 2023 foi marcado por um outro isolamento: o do cenário cultural de Anápolis. Conhecido pelo sarau e a Casa Soberba, espaço de fruição artística que construía. Se sentia sem espaço na arte e de certa forma na vida que desejava para si. Achava que tudo tinha acabado. Foi aí que a história mudou de rumo. Decidiu que existir já era uma arte proposital. Através de uma câmera, escuta e experimentos, foi se redescobrindo. Luiz é um dos artistas anapolinos que produzem de forma independente ações artísticas ao alcance de todos nós, mas que dificilmente conheceremos pois elas não estão contadas em lugar nenhum. Até agora.
Neste mês, Luiz buscou apoio de amigos para apresentar ao mundo sua primeira exposição. Olhares é um trabalho de amadurecimento de oito anos que não conta com recurso público, mas que é sonhada para ocupar um espaço público: a Galeria Antônio Sibasolly. O espaço anapolino é hoje uma referência no Brasil do melhor que existe na arte e para Luiz, um filho de Anápolis, o plano é um dia, ver sua arte ali. “Meu sonho é conseguir expor esse trabalho na galeria Sibasolly por uma questão de honra por ter tido um tio, Júlio Cesar Monteiro, a expor os belos quadros sobre o cerrado. Isso tornaria o meu coração mais orgulhoso, porque eu sinto que é esse aval que eu preciso para acreditar mais no meu trabalho, essa valorização daqui antes de sair para fora”. Luiz acredita em si e na cidade.
Narelly Batista é jornalista por formação e produtora cultural por vocação. Escreve sobre Cultura no Portal 6. Siga-a no Instagram @narellybatista.