O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a acusar seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de corrupção e de interferência nas eleições presidenciais argentinas nesta terça-feira (2), dias antes de embarcar para o Brasil -quando não deve, no entanto, encontrar-se com o petista.
As acusações foram feitas pelo argentino em uma publicação no X direcionada a outra pessoa cujo nome ele não revelou -o líder se refere a este destinatário apenas como “perfeito dinossauro idiota”. Na postagem, Milei define as atitudes de Lula como agressões.
O texto começa com Milei insistindo que a tentativa de golpe de Estado na Bolívia na semana passada, fracassada, foi uma armação. A primeira vez em que seu governo defendeu essa teoria fez com que o governo boliviano convocasse o embaixador da Argentina em La Paz para prestar esclarecimentos, um ato de reprimenda no meio diplomático.
Em seguida, o ultraliberal volta a dizer que tinha apenas “falado a verdade” sobre Lula depois que o brasileiro condicionou um encontro com Milei a um pedido de desculpas por parte do argentino em uma entrevista. “Não conversei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Só quero que ele peça desculpas”, disse o petista na ocasião.
Milei rejeitou energeticamente a sugestão de Lula ao falar à emissora LN+, do jornal La Nacion. “Desde quando é preciso pedir perdão por dizer a verdade?”, questionou. “É porque o chamei de corrupto? Por acaso não foi preso por corrupção? É porque o chamei de comunista? Por acaso não é comunista?”
Além de voltar a chamar o petista de corrupto, na postagem desta terça, o ultraliberal também resgata as acusações que fez, sem provas, a Lula na época das eleições presidenciais argentinas, no ano passado.
No trecho, ele diz que o brasileiro interferiu fortemente na campanha eleitoral e apoiou de maneira firme o que chamou de “a campanha mais suja da história” -a do adversário de Milei no pleito, o peronista Sergio Massa.
As novas acusações de Milei contra Lula têm potencial para exacerbar as tensões entre os dois presidentes, que já vinham aumentando nas últimas semanas.
A situação tinha voltado a se intensificar nesta segunda (1º), quando Milei anunciou sua ausência na cúpula do Mercosul -que começa em Assunção, no Paraguai, no domingo (7)-, à qual Lula comparecerá. O presidente argentino confirmou presença em uma conferência conservadora em Balneário Camboriú, onde deve fazer palestra no sábado (6).
A Cpac (Conferência de Ação Política Conservadora) contará com a presença de Jair Bolsonaro (PL), que deve se reunir com Milei, segundo o filho do ex-presidente brasileiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O porta-voz do presidente argentino, Manuel Adorni, não confirmou o encontro e disse que seu chefe cancelou sua participação na cúpula do Mercosul por problemas de agenda. A impressão, no entanto, é de que Milei não só trocou um evento pelo outro como escolheu se reunir com Bolsonaro em vez de com Lula em sua primeira viagem ao Brasil após sua eleição à Presidência.
Ainda de acordo com Adorni, os custos da visita ao Brasil serão pagos pela própria Cpac. Milei, porém, iria no avião presidencial.