O que é a embolia amniótica, condição rara que deixou Juliana Perdomo em estado grave após parto
Ao Portal 6, obstetra especialista em gestações de alto risco no Hospital Sírio-Libanês explicou detalhes de como funcionam o diagnóstico e tratamento
A família da influenciadora Juliana Perdomo divulgou que a goiana enfrenta um caso grave de embolia amniótica, desenvolvido logo após dar à luz ao pequeno Zac, na última sexta-feira (26), em Iporá.
A goiana, de 34 anos, precisou ser encaminhada às pressas para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) devido às complicações do procedimento.
Desde então, a situação clínica da mulher tem sido delicada, preocupando fãs e seguidores que a acompanhavam nas redes sociais. Mas afinal, o que é essa condição chamada “embolia amniótica” na qual a irmã da empresária Mariana Perdomo foi diagnosticada?
Para tentar entender melhor, o Portal 6 conversou com Helga Marquesini, obstetra especialista em gestações de alto risco atuante no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Condição rara
Segundo a profissional, Juliana infelizmente foi vítima de uma condição raríssima, que afeta cerca de dois a seis casos a cada 100 mil partos.
“A embolia amniótica ocorre quando o líquido amniótico, que está na bolsa onde o bebê se encontra, entra na circulação sanguínea da mãe. Isso causa uma resposta inflamatória generalizada no corpo da mãe. Esse quadro pode levar a um colapso do sistema cardiovascular, o que inclui queda da pressão arterial e insuficiência respiratória. Além disso, pode haver alterações na coagulação do sangue, resultando em hemorragias. Esse quadro é realmente grave e exige atenção imediata”, explicou.
Apesar de ser registrado, na maioria das vezes, no momento do parto, podem acontecer situações em que o líquido se rompe ainda quando o bebê está na barriga, gerando ainda mais complicações e prejudicando a saúde da criança. Embora, por sorte, Zac tenha nascido bem e saudável.
“Se a mãe estiver com um problema grave circulatório e respiratório, há uma redução do fluxo sanguíneo para o útero e uma redução do oxigênio que chega ao bebê. Isso pode causar sofrimento fetal agudo e pode exigir um parto imediato se ainda não tiver ocorrido. O bebê depende da saúde da mãe para ter uma boa oxigenação e circulação durante o parto. Se a mãe tiver uma condição grave, o bebê pode sofrer também e pode precisar de acompanhamento na UTI neonatal”, pontuou.
Diagnóstico
Apesar disso, a médica conta que a embolia amniótica ainda é uma condição complicada de se compreender, uma vez que não é possível ser identificada com exames, apenas por análises clínicas.
Também não existem fatores que podem ajudar a entender quando a gestante será afetada pelo problema, pois ainda é um ramo “não muito claro” da medicina, conforme afirmou Helga.
“Às vezes, a pessoa tem uma complicação obstétrica, como placenta prévia ou descolamento da placenta, que são situações de extrema urgência. Em alguns casos mais graves, pode haver problemas, mas não há um grande fator específico. É algo raro e imprevisível. O diagnóstico é complicado porque não há um exame específico para comprovar a embolia amniótica. É uma condição que deve ser diferenciada de outras causas mais comuns, como trombose ou descolamento de placenta”, disse.
Tratamento
Outro ponto ainda mais complicado é a falta de um tratamento específico. Atualmente, não existe um tipo de remédio, vacina ou prevenção para a embolia amniótica, sendo necessário apenas os cuidados para que a doença não evolua.
“É preciso fazer apenas o tratamento de suporte. Não há uma medicação específica para resolver isso. Será necessário observar a parte cardiológica, manter a estabilidade, verificar o fator de coagulação, queda de plaquetas, checar a parte respiratória, e muitas vezes é necessária a entubação e o suporte ventilatório”, destacou.
“Todos os sistemas são acometidos, então é preciso fazer medidas de suporte direcionadas para manter o funcionamento adequado de todos esses sistemas. Com isso, pode-se esperar uma perspectiva de melhora”, completou.
Recuperação
Mesmo sendo um caso muito grave por si só, ainda há a possibilidade de uma vida normal sem sequelas após as intercorrências, mas tudo depende de cada caso.
“A recuperação pode ser boa ou pode haver sequelas, como dificuldades respiratórias ou problemas cardíacos. O acompanhamento e a reabilitação são essenciais para melhorar a recuperação. Algumas pessoas podem enfrentar complicações, como neuropatias ou problemas nutricionais, e podem precisar de reabilitação para retomar as funções normais”, concluiu.
Enquanto isso, Tatiana Perdomo, irmã de Juliana Perdomo, afirmou que, mesmo seguindo internada em estado grave, a influenciadora, que soma mais de 90 milhões de visualizações no YouTube, tem apresentado evoluções: o coração já está funcionando sozinho e também houve uma melhora pulmonar.
Agora, os mais de 1 milhão de fãs no Instagram se unem para orar e pedir pela recuperação da mulher.
*Colaborou Maria Luiza Valeriano.