Mais de 30 cidades goianas correm ‘altíssimo risco’ ou alto risco de desastres naturais
Ao Portal 6, pesquisador explica principais motivos de vulnerabilidades
                  O desastre que atingiu o Rio Grande do Sul este ano lançou holofote sobre o despreparo diante das mudanças climáticas que afetam o Brasil. Em Goiás, são quatro municípios que apresentam risco muito alto de desastre natural e outros 28 com risco alto, conforme o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Dados da plataforma AdaptaBrasil destaca as cidades com risco de deslizamentos, inundações, enxurradas e alagamentos, assim como seca, doenças, insegurança alimentar e energética, e riscos às infraestruturas portuária, rodoviária e ferroviária.
O cálculo quanto à gravidade do risco é feito a partir de três fatores principais: quanto a cidade está ameaçada por mudanças climáticas, quanto está vulnerável e quanto está exposta.
Portanto, o impacto é medido a partir de quanto a cidade apresenta alterações no clima, se ela possui condições de lidar com o problema e quantas pessoas poderiam sofrer com a catástrofe. Isso porque a mesma quantidade de chuva pode cair sobre duas cidades, por exemplo. Porém, a depender das configurações socioambientais, uma pode sofrer danos mais severos que outra.
Em Goiás, as cidades que mais correm risco são Aragarças, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Serranópolis.
Ao Portal 6, o pesquisador e professor de impactos ambientais, Fausto Nomura, destacou que tais municípios são vulneráveis às inundações, enxurradas e alagamentos. Posicionados no extremo oeste, entorno de Brasília (DF) e no sudoeste, respectivamente, o especialista aponta: “Não tem um padrão geográfico evidente para os municípios classificados como muito alto, mas se deve provavelmente às características de relevo destes municípios”.
De modo geral, as mudanças climáticas têm o efeito de aumentar a frequência de ocorrência de eventos extremos, seja de chuvas intensas e tempestades ou de períodos secos, os mais comuns para o estado de Goiás, explicou. Além das quatro cidades com risco muito alto, 28 foram classificadas com risco alto.
“Em áreas com maior declividade, essas chuvas fortes podem provocar o deslizamento de encostas, colocando em risco pessoas que habitam essas áreas, geralmente decorrente da ocupação desordenada, afetando, em geral, pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social”, disse.
Entre as consequências perceptíveis à população, estão alagamentos de vias e rodovias, aumentando o risco de acidentes; estrago à infraestrutura urbana, causado pelas inundações ou ventos fortes que acompanham as tempestades; e diversos prejuízos secundários, como danos em veículos causados por ruas esburacadas.
Já Goiás também apresenta risco relativamente alto de secas em todas as regiões, com exceção do Sudoeste. O cenário leva a incêndios de grandes proporções em áreas naturais, assim como maior incidência de doenças respiratórias, provocadas tanto pela baixa umidade quanto pelo aumento de partículas sólidas das queimadas ilegais.
A situação ainda se agrava devido ao agronegócio. Diante da imprevisibilidade de chuvas, ocorre a disputa por recursos hídricos, segundo Fausto.
“Diversas multas já foram aplicadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (SEMAD) a grandes produtores agrícolas por desviarem cursos de pequenos rios ou por captação ilegal de água para irrigação agrícola. Em particular, a irrigação por pivô, muito comum em áreas de plantio de soja, é extremamente ineficiente em termos de uso de água, sendo necessário o incentivo para mudança para outras técnicas de irrigação mais eficientes no aproveitamento da água, como a irrigação por gotejamento subterrâneo ou subsuperficial”.
Confira as 28 cidades com alto risco de desastres naturais:
- Anicuns
 - Aparecida de Goiânia
 - Aurilândia
 - Campos Belos
 - Carmo do Rio Verde
 - Cidade Ocidental
 - Corumbá de Goiás
 - Crixás
 - Firminópolis
 - Goiás
 - Inhumas
 - Ipameri
 - Itaberaí
 - Itapaci
 - Itapuranga
 - Itarumã
 - Jaraguá
 - Luziânia
 - Mimoso de Goiás
 - Niquelândia
 - Pires do Rio
 - Porangatu
 - Rialma
 - Rio Verde
 - Rubiataba
 - Trindade
 - Urutaí
 - Valparaíso de Goiás
 
                                                    
                            
              