Entenda como pais e responsáveis podem identificar criança superdotada e auxiliar no processo de aprendizagem
Mais de 30% dos superdotados registrados são crianças e adolescentes, que precisam de atenção para que se desenvolvam da melhor maneira
Uma tarefa feita em tempo surpreendente, um desenho que parece ter sido feito por adulto e entendimento de assuntos complexos são alguns sinais que marcam uma possível superdotação entre crianças e adolescentes. Identificar crianças superdotadas pode ser um desafio, mas é essencial para garantir que elas recebam o suporte adequado, conforme destacou a psicopedagoga, Sheila Veríssimo, ao Portal 6.
Apesar de ser comum entre pais acreditar que o filho é especial, a taxa de superdotados tem crescido no Brasil. A Associação Mensa Brasil, entidade representante da Mensa Internacional no país, anunciou um marco significativo: mais de 4 mil brasileiros com superdotação e altas habilidades foram identificados, sendo 1.283 crianças e adolescentes – 32% dos casos.
Nos últimos seis meses, cerca de 1.000 novas identificações foram registradas – sendo 56 deles em Goiás. O presidente da Mensa Brasil, Carlos Eduardo Fonseca, atribui esse crescimento ao fortalecimento das parcerias, que permitiram maior assertividade.
Como identificar crianças superdotadas
De acordo com Sheila Veríssimo, atuante na clínica infantojuvenil Integra Reabilitação, crianças superdotadas são aquelas que demonstram um nível de conhecimento ou aprendizado significativamente além do esperado para sua faixa etária. Elas podem apresentar habilidades avançadas em áreas específicas e um comportamento geral que se destaca em casa e na escola.
“Aprender fácil e rápido, o senso de humor, a capacidade de percepção, hiperfoco em alguns assuntos, capacidade de criticidade, perfeccionismo e conseguir abordar assuntos compartilhados por adultos são algumas observações”, aponta.
Além disso, uma característica que pode ser comum é a dificuldade relacional. “Até porque os assuntos da faixa etária não agradam”, explica Sheila.
Para o diagnóstico, são utilizados testes de aptidão geral e psicométricos, realizados por psicólogos ou neuropsicólogos. É importante observar que o diagnóstico de altas habilidades pode ser mais fácil de identificar devido ao despertar das famílias para comportamentos diferenciados, enquanto a superdotação pode ser mais desafiadora de detectar.
O papel dos pais
Após a identificação, os pais desempenham um papel crucial no apoio ao desenvolvimento da criança. Sheila alerta que, embora as habilidades avançadas sejam uma característica positiva, elas também podem trazer desafios, especialmente em termos de relacionamentos e habilidades em outras áreas.
“Eles podem ter hiperfoco em determinado assunto, mas ser deficiente em outros. Isso é normal. Às vezes a criança pode ter um hiperfoco em matemática, mas em português não ter uma nota tão boa, por exemplo. O pai tem que ficar observando isso, não só observar as qualidades, mas aquilo que a criança perde por ter essa alta habilidade, para ser desenvolvido e não fique deficiente posteriormente”, disse a especialista.
Portanto, torna-se especialmente importante, a partir da identificação por meio de testes de aptidão realizados com psicólogos e psicopedagogos, buscar acompanhamento de uma equipe multiprofissional, que pode incluir psicólogos, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos. “Toda criança superdotada precisa de acompanhamento”, reforça Sheila.
O desenvolvimento nas escolas
Na sala de aula, a abordagem para crianças superdotadas deve ser adaptada às suas necessidades individuais, conforme a psicopedagoga. Vale ressaltar que o art. 59 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) assegura que essas crianças recebam suporte especializado e adaptações curriculares conforme necessário.
Cabe à equipe de acompanhamento elaborar Plano Educacional Individualizados (PEI) que atendam às necessidades da criança, podendo propor atividades específicas ou até o avanço de uma série, a depender de cada caso.
“É importante que a escola tenha disposição de trabalhar junto com os profissionais que acompanham a criança, e é de direito dela ter esse PEI”, destaca Sheila.