Aliados de Caiado minimizam fala em que Bolsonaro chama governador de ‘covarde’ e veem ato isolado
Fala da última terça terça-feira (24) aconteceu durante um comício do candidato Fred Rodrigues (PL)
ARTUR BÚRIGO – Aliados de Ronaldo Caiado (União Brasil) minimizam a declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que chamou o governador de Goiás de “covarde” no início desta semana.
A fala da última terça terça-feira (24) aconteceu durante um comício do candidato Fred Rodrigues (PL), apoiado por Bolsonaro à Prefeitura de Goiânia. Ele divide a preferência do eleitorado da direita na cidade com Sandro Mabel (União Brasil), nome de Caiado, e com o senador Vanderlan Cardoso (PSD).
De acordo com esses aliados, o pronunciamento do ex-presidente foi orquestrado pelo entorno de Fred Rodrigues, que tenta polarizar os votos da direita entre ele e Mabel e, assim, tentar uma vaga no segundo turno.
Em seu discurso, Bolsonaro retomou uma rusga antiga entre os dois, relacionada à pandemia. “Criaram um terror no Brasil. Nós, na pandemia, fizemos o que tinha que ser feito. Fui contra governadores que falavam fique em casa, a economia a gente vê depois. Governador covarde! Não tinha como fugir do vírus”, disse Bolsonaro, enquanto apoiadores mencionavam o nome do governador.
A relação entre os dois chegou a ser rompida no início da crise sanitária, quando Caiado, que é médico, criticou declarações feitas por Bolsonaro em que criticou governadores sobre os impactos econômicos da crise.
Para aliados do governador, algo que indica que o discurso do ex-presidente foi direcionado à eleição municipal e não um ataque a Caiado foram as falas dele em comícios nas outras cidades do estado.
Além de Goiânia, Bolsonaro esteve em Anápolis e em Aparecida de Goiânia. Nos dois municípios, o ex-presidente não citou o governador nem de forma indireta.
Em Aparecida de Goiânia, as pesquisas mostram uma disputa acirrada entre Leandro Vilela (MDB), amigo pessoal de Caiado, e Professor Alcides (PL), apoiado pelo ex-presidente e pelo atual prefeito, Vilmar Mariano (União Brasil).
Eles afirmaram que o ato foi uma tentativa de gerar uma resposta de Caiado e trazer uma novidade à disputa na reta final da campanha, hoje concentrada entre Mabel e Adriana Accorsi (PT), apoiada pelo presidente Lula (PT).
Levantamento feito pela Quaest entre os dias 14 e 16 de setembro mostrou Mabel com 24% e Accorsi com 22% empatados tecnicamente na liderança das intenções de voto. O candidato de Caiado oscilou positivamente em relação aos 19% que tinha na pesquisa anterior e se descolou de Vanderlan, que foi para 15%.
Fred Rodrigues, nome de Bolsonaro, se manteve em 9%, empatado com Matheus Ribeiro (PSDB), com 8% e com o atual prefeito, Rogério Cruz (Solidariedade), que marcou 4%.
A pesquisa foi contratada pela TV Anhanguera e ouviu 900 eleitores, com margem de erro de três pontos percentuais.
Em seu discurso, Bolsonaro também repetiu críticas que aliados de Fred têm feito a Mabel, ao citar um vídeo antigo em que o apoiado por Caiado elogiava a então presidente Dilma Rousseff (PT).
A relação pessoal entre Bolsonaro e Caiado é caracterizada por altos e baixos, em tom semelhante ao mantido pelo ex-presidente com outros nomes cotados para a disputa presidencial de 2026, na qual ele está inelegível. Fazem parte dessa lista os governadores de Minas, Romeu Zema (Novo), o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o do Paraná, Ratinho Junior (PSD).
Em março, Caiado disse em entrevista à Folha ser importante contar com o apoio de Bolsonaro.
“Se realmente ele tiver condições de ser candidato, é indiscutível a liderança que ele exerce para poder ser candidato. Ora, não sendo ele, a minha trajetória de vida é exatamente no mesmo eleitorado do presidente Bolsonaro”, afirmou na época.
Em abril, Bolsonaro esteve ao lado de Tarcísio e Caiado em uma feira agrícola e elogiou os dois ao dizer que, caso não retorne ao cargo, plantou “sementes”.