THIAGO BOMFIM
Forças da FEMA (Agência Federal da Gestão de Emergências, em inglês) que trabalhavam em áreas afetadas pelo furacão Milton na Carolina do Norte foram realocadas no sábado (12) após serem ameaçados por “milícias armadas” no estado, diz o jornal The Washington Post. Mais tarde, um homem foi preso com armas e ameaçando atacar funcionários da agência.
Xerife local confirmou que houve ameaças contra funcionários da FEMA. Em publicação no Facebook, o Escritório do Xerife de Rutherford afirmou que um homem de 44 anos, identificado como William Jacob Parsons, saiu de sua casa com um rifle de assalto e disse que iria atrás de agentes da FEMA que estivessem atuando na região. Ele foi preso sob a acusação de “sair armado para o terror popular”, mas pagou a fiança de 10 mil dólares (R$ 55,8 mil) e está livre.
Governo americano redirecionou trabalhadores de emergência por “ameaças de milícia armada”, diz jornal. Segundo um e-mail obtido pelo Washington Post, a FEMA pediu a retirada de empregados do Condado de Rutherford após a Guarda Nacional encontrar “caminhões de milícias armadas dizendo que estavam caçando” funcionários da agência. O xerife do condado negou a presença desses caminhões, e afirmou que Parsons agiu sozinho, embora não tenha informado suas motivações.
Equipe foi levada a “lugar seguro” e atividades de resgate tiveram de ser pausadas. Agentes da FEMA trabalhavam na retirada de árvores caídas nas ruas, para permitir a passagem de grupos de resgate e entregas de suprimentos. Eles puderam retornar ao serviço na tarde de ontem (13).
FEMA trabalhava em região destruída por furacão Helene. Cidades em regiões montanhosas da Carolina do Norte, como Lake Lure e Chimney Rock, foram algumas das mais atingidas pelo furacão Helene, predecessor do furacão Milton. No estado, morreram 123 pessoas. Boa parte do condado de Rutherford ficou sem energia, acesso à água e serviço de celular.
TRUMP E ELON MUSK ESPALHARAM DESINFORMAÇÃO SOBRE A ATUAÇÃO DA FEMA
Extrema direita tem fermentado informações falsas e atrapalhado resgates. Donald Trump realizou várias declarações falsas desde a chegada dos furacões nos Estados Unidos. Entre elas, de que Kamala Harris desviara bilhões de dólares em fundos da FEMA para abrigar “imigrantes ilegais”; que funcionários da agência estavam evitando resgates em “áreas republicanas”, e que a administração de Joe Biden “abandonou” pessoas na crise.
“Eles roubaram o dinheiro da FEMA, assim como roubaram de um banco, para que pudessem dá-lo aos seus imigrantes ilegais, para que pudessem votar neles nesta temporada”, afirmou Donald Trump, em comício.
Já Elon Musk afirmou que agência estava confiscando bens de afetados por furacão. No X (antigo Twitter), o bilionário sul-africano afirmou que a agência estava “bloqueando cidadãos que tentavam ajudar nos resgates” e “bloqueando remessas e apreendendo bens e serviços”. Em outra postagem, escreveu: “A FEMA usou seu orçamento transportando imigrantes ilegais para o país em vez de salvar vidas americanas. Traição.”
Chefe de agência alertou sobre perigo da desinformação. Em entrevista à rede MSNBC, Deanne Criswell disse: “É francamente decepcionante termos que lidar com essa narrativa, com alguns líderes terem dificuldade em diferenciar fatos de ficção, o que cria um impedimento à nossa capacidade de realmente dar às pessoas a ajuda de que precisam.”