Delegado explica como funcionava esquema que desviou R$ 10 milhões da Saúde de Goiânia
Empresa foi contratada pela SMS sem que houvesse respeito a lei
Titular da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR), Francisco Lippari, detalhou como funcionava o esquema investigado na Operação Speedy Cash, deflagrada na manhã desta terça-feira (17).
As irregularidades tiveram início no mês de agosto. Sem chamamento público e publicidade do contrato, não houve a ampla ‘concorrência’, sem a presença de entidades ou empresas interessadas em prestar serviço por meio da disputa de preços competitivos.
Dessa forma, foi assinado um convênio entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia e a entidade — cujo nome não foi revelado — foi assinado pelo então secretário Wilson Pollara. Vale ressaltar que o titular da pasta tinha acabado de retornar ao cargo após ser afastado a pedido do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCMGO).
Assim, foi realizado o pagamento antecipado à entidade R$ 10 milhões. Conforme a investigação, nenhuma única atividade contratada foi realizada pela entidade.
Follow the money
Ao seguir o rastro dos R$ 10 milhões, os agentes apuraram que R$ 6,7 milhões foram repassados para uma empresa fornecedora de equipamentos hospitalares. De lá, diversos saques em espécie foram realizados, assim como transferências para contas de pessoas físicas.
Além disso, R$ 2,7 milhões foram transferidos para outra conta da mesma associação, destinada à movimentação de recursos de outros convênios.
Por fim, R$ 870 mil foram enviados ao procurador jurídico da associação, que é irmão do presidente da entidade.
Apesar do pagamento antecipado de R$ 10 milhões — e não por serviço já executado —, foi constatado que nenhuma atividade contratada pela SMS foi entregue pela entidade.
Wilson Pollara e Quesede Henrique
O ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, foi alvo de um dos mandados de prisão, mas não foi localizado no endereço residencial fornecido à Polícia Civil (PC).
A ausência de Pollara, o coloca como foragido. Quem também está nessa situação é o ex-secretário executivo da SMS, Quesede Ayres Henrique.
Lippari destacou que, até o momento, não há indícios de que ambos tenham se beneficiado diretamente do esquema, mas as investigações irão determinar qual foi o interesse de ambos na contratação.
Colaborou Karina Ribeiro