Lento e poderoso: por que furacão Melissa pode ser catastrófico na Jamaica

É possível que haja uma Jamaica antes e depois do furacão, salientou ainda a emissora americana ABC

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Lento e poderoso: por que furacão Melissa pode ser catastrófico na Jamaica
Furacão Melissa, que atinge a Jamaica. (Foto: Captura via Youtube/AFP Português]

O furacão Melissa, de categoria 5, pode ser o mais forte da história a atingir a Jamaica, com efeitos catastróficos. A previsão é que ele chegue ao território caribenho na noite desta segunda-feira (27) ou na manhã de terça, segundo fontes ouvidas pela emissora americana ABC.

O QUE ACONTECEU

Melissa pode se tornar o pior furacão que a Jamaica já enfrentou. Ordens de evacuação já foram emitidas para áreas costeiras vulneráveis, segundo a rede americana CNN. É possível que haja uma Jamaica antes e depois do furacão, salientou ainda a emissora americana ABC.

Chuvas podem chegar a um acumulado de 102 cm nos próximos quatro dias. A média para o mês de outubro —um dos mais úmidos do ano na Jamaica— em Kingston é de 234 mm, segundo o Serviço Meteorológico da Jamaica. Mas a previsão é que chova cerca de 4,35 vezes a média do mês nos próximos quatro dias.

A tempestade também pode produzir ondas gigantes. Sua combinação com os ventos pode causar “extenso dano de infraestrutura”, alertou o Centro Nacional de Furacões. Ondas podem chegar a quatro metros.

Melissa se movimenta lentamente, o que pode torná-lo ainda mais perigoso. Ele tem se movido para oeste a apenas 4,8 km/h, ou seja, ele também permanecer por mais tempo destruindo a ilha. O ideal seria que ele perdesse força antes disso.

Furacão já matou três pessoas no Haiti e uma na República Dominicana. Ele ganhou quase 113 km/h de intensidade apenas nas últimas 24 horas.

“Explosão de força” no fim de semana aconteceu por combinação de fatores. O movimento mais lento do Melissa sobre águas mornas e profundas se uniu a fortes ventos em grandes altitudes na atmosfera.

Melissa pode se tornar ainda mais poderoso nas próximas 12h a 24h. A estimativa é de diversos centros de previsão meteorológica consultados pela BBC britânica.

Seus ventos já atingem 265,5 km/h. Seu epicentro está localizado a apenas 233 km da capital Kingston, informou o Centro Nacional de Furacões dos EUA nesta manhã.

Monitoramento do governo dos EUA capturou imagens de forte atividade elétrica no olho do furacão nesta manhã. Poluição atmosférica provocada por queima de combustíveis criou mais sistemas que estão se intensificando rapidamente e trazendo mais chuvas.

Águas mais quentes no oceano devido às mudanças climáticas têm aumentado o risco de intensificação rápida dos furacões. Ou seja, fica mais difícil evacuar as áreas potencialmente atingidas e prevenir maiores desastres.

JAMAICA ESTÁ PREPARADA PARA O MELISSA?

Governo anunciou que ergueu 881 abrigos pelo país. Equipes do serviço nacional de ônibus, das Forças Armadas da Jamaica e times de defesa civil estão liderando as evacuações. “Vão aos abrigos. Vão a lugares altos porque isso pode salvar vidas”, pediu o ministro de Água, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Jamaica, Matthew Samuda, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (27).

“Hora de preparação acabou”. Samuda destacou que agora é o momento de ouvir essas instruções das autoridades. Evacuações foram ordenadas para Kingston, mas toda a ilha está sob o status de “ameaçada”, segundo a BBC.

Jamaicanos devem usar recursos com moderação. Pode faltar água a partir da noite desta segunda-feira (27), alertou o ministro, já que redes de transmissão podem ser afetadas pelo furacão. “Cada gota vai contar”, alertou. Por isso, ele recomendou que a população faça estoque da água que tem em casa.

Ministro acredita que jamaicanos estão melhor preparados do que nos anos 1980. “Mas quando você fala de ventos de 265 km/h, nós nunca testamos a nossa nova infraestrutura desta forma”, disse.

Faz 13 anos desde que o último furacão chegou à costa da Jamaica. Foi o Sandy, em 2012. No entanto, o último de categoria 4 (ou mais forte) a “aterrissar” pela ilha foi o Gilbert, em 1988, que matou pelo menos 40 pessoas. Ele tinha ventos de 217,3 km/h ao tocar o solo.

“Não há infraestrutura que seja construída, acredito, em qualquer lugar do mundo para navegar este tipo de risco. Nós esperamos que, se ele chegar à nossa costa, estaremos encarando dano significativo”, disse Matthew Samuda, ministro de Água, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Jamaica, em coletiva nesta segunda-feira (27).

No entanto, furacões não precisam tocar o solo para fazer um estrago. O furacão Beryl, de categoria 4, provou isso em julho de 2024. Bem mais fraco que o Melissa, ele causou enchentes, danos a residências, plantações e outras estruturas no sul da ilha, além de ter matado quatro pessoas e causado um prejuízo de US$ 1 bilhão (R$ 5,37 bilhões), segundo um relatório do centro de furacões obtido pela CNN.

Todos os aeroportos da Jamaica foram fechados neste domingo (26) em preparação para a vinda do Melissa. O anúncio foi feito pelo ministro do Transporte do país, de acordo com a ABC.

Até Elon Musk ofereceu apoio. A Starlink, subsidiária de telecomunicações via satélite da empresa espacial do bilionário, a SpaceX, ofereceu sua infraestrutura ao governo para manter a comunicação durante e após a passagem do furacão, também segundo a ABC.

O QUE É UM FURACÃO DE CATEGORIA 5?

É a categoria mais forte na Escala Saffir-Simpson de intensidade dos furacões. Ela foi criada em 1970 pelo engenheiro Herbert Saffir e Robert Simpson, então diretor do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, tendo como inspiração a escala Richter, que mede a intensidade dos terremotos.

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