Conheça o santo da Igreja Católica padroeiro do café e das pessoas feias
Uma curiosa figura que converte dor e labor em bondade

Desde o século XII, o enigma de uma vida de sacrifício e acolhimento habita os cantos menos esperados da tradição cristã.
São Drogo nasceu em 1105 em Épinoy, na França — órfão ao nascer, perdeu o pai pouco antes de seu nascimento e a mãe durante o parto.
A descoberta dessa origem trágica, segundo relatos, o levou a uma trajetória marcada por peregrinações, renúncia de bens e dedicação às tarefas de pastor e eremita.
Conheça o santo da Igreja Católica padroeiro do café e das pessoas feias
Depois de passar seis anos como pastor em Sebourg, França, ele entregou-se por cerca de 40 anos a uma vida de clausura numa cela adjacente à igreja local, vivendo apenas de cevada, água e da Eucaristia.
Em algum momento dessa jornada, ele enfrentou uma enfermidade ou deformação grave — “uma aflição corporal desfigurante” — que o afastou da sociedade e consolidou sua identificação com quem sofre, é rejeitado ou invisível.
É justamente essa vida radical — renúncia, isolamento, dor — que décadas mais tarde resultou em duas patronagens incomuns: Ele é considerado o padroeiro dos cafeeiros, dos donos de cafés, e também daqueles considerados fisicamente pouco atraentes ou rejeitados pelo olhar social.
Segundo o site “Saint for a Minute”, São Drogo “é venerado como protetor dos assim chamados ‘unattractive people’, dos proprietários de cafés e dos trabalhadores de casa de café”.
Outra fonte esclarece que sua ligação com o café é, de fato, tardia e não documentada historicamente — “viver antes da introdução do café na Europa” — o que sugere que a devoção popular o vinculou ao grão em virtude simbólica, não cronológica.
O que faz esta junção curioso-íntima funcionar? A proposta é simples — São Drogo é irmão dos que trabalham duro, isolados ou invisíveis, e irmão dos que servem em silêncio, como o barista que abre o café antes do amanhecer ou aquele que se sente menos visto por seu rosto no espelho. Sua vida nos conta que a santidade pode crescer onde há humildade, serviço, dor e fiel constância.
No calendário romano, sua festa é celebrada em 16 de abril. Em regiões da França e Bélgica, em torno de Sebourg, ainda se conserva devoção a ele — os agricultores, os pastores e, nos tempos modernos, os baristas-devotos acolhem-no como intercessor silencioso.
A mensagem é clara: seja no trabalho árduo dos campos ou no humilde balcão de café, seja na dor do espírito ou na sensação de nunca ter “olhar bonito”, há quem esteja com você.
São Drogo não é apenas mais um santo: ele é símbolo de que na invisibilidade há presença, e no descaso há dignidade.
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