Mulher e 4 filhos morrem em incêndio no Recife; polícia investiga feminicídio
Marido e pai das vítimas é o principal suspeito de ter cometido o crime

CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de Pernambuco investiga a morte de uma mulher e seus quatro filhos em um incêndio ocorrido no sábado (29) na comunidade de Icauã, no bairro Caxangá, zona oeste do Recife.
A polícia apura o caso como incêndio criminoso, feminicídio e homicídio. Segundo familiares e vizinhos de Isabely Gomes de Macedo, 40, ela e os filhos, Aline, 7, Adriel, 4, Aguinaldo, 3, e Ariel, 1, eram vítimas de violência por parte do suspeito de causar o incêndio, marido e pai das vítimas.
Aguinaldo José Alves, 39, sofreu uma tentativa de linchamento e em seguida foi preso em flagrante no dia do incêndio. A defesa dele não foi localizada pela reportagem.
De acordo com familiares de Isabely, o homem era agressivo quando estava embriagado e ela já havia afirmado não suportar mais a situação.
As cinco vítimas foram sepultadas nesta segunda-feira (1º), no cemitério público da Várzea, em clima de comoção.
Em meio a muito choro, os pequenos caixões das crianças foram carregados por homens e mulheres que conviviam com a família.
Em nota publicada nas redes sociais, a direção da escola municipal Zumbi dos Palmares, onde a menina Aline estudava, disse que as mortes atingiram a comunidade como uma tragédia de proporções devastadoras.
“Aline era parte de nossa família escolar e sua perda deixa um vazio imensurável”, diz a nota. “Vamos nos unir numa corrente de oração e pensamentos de paz. Que a nossa energia coletiva seja direcionada para que a família de Aline encontre o descanso e a luz eterna”.
O incêndio destruiu outras casas da comunidade, uma ocupação organizada pelo Must (Movimento Urbano dos Trabalhadores Sem-Teto). Antes da chegada dos bombeiros, vizinhos tentaram apagar o fogo com baldes de água, mas não tiveram sucesso.
Famílias que perderam as casas recebem atendimento dos setores de assistência social e saúde municipal.
No Brasil, foram registrados 1.492 feminicídios em 2024, alta de 1,2% em relação a 2023 e o maior número da série iniciada em 2016, quando cerca de 900 casos foram computados, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Nos últimos dias, chamam a atenção casos de violência contra a mulher como o de Tainara Souza Santos, que teve as duas pernas amputadas após ser atropelada e arrastada por ruas de São Paulo; e o das servidoras Allane de Souza Pedrotti Mattos e Layse Costa Pinheira, brutalmente assassinadas dentro do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca), na zona norte do Rio de Janeiro.






