Morre Gilberto Braga, autor de ‘Vale Tudo’ e ‘Anos Rebeldes’, aos 75 anos

Dramaturgo sofria da Doença de Alzheimer e estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro

Folhapress Folhapress -
Morre Gilberto Braga, autor de ‘Vale Tudo’ e ‘Anos Rebeldes’, aos 75 anos
(Foto: Alex Caravalho)

Autor de telenovelas como “Vale Tudo” e “Paraíso Tropical”, Gilberto Braga morreu na noite desta terça-feira (26), aos 75 anos. Ele sofria da Doença de Alzheimer e estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, e enfrentou nos últimos dias uma infecção a partir de uma perfuração do esófago e não resistiu às complicações. Braga era casado com o decorador Edgar Moura Brasil.

Rosa Maria Araújo, historiadora e irmã de Braga, lamenta a perda do irmão, o primogênito da família. “O Gilberto era o sonho de consumo de qualquer irmão, muito afetuoso, estudioso e inteligente. Foi ele que nos apresentou ao cinema, ao teatro e à televisão. Vai fazer, realmente, muita falta”, lamenta.

Braga começou a atuar como novelista nos anos 1970, quando assinou dois episódios do seriado “Caso Especial”, que trazia diferentes histórias com equipe e elenco variados. Ainda nesta década de 1970, trabalhou em adaptações de obras clássicas, com destaque para a “Escrava Isaura”, de 1976, marco da televisão brasileira que lançou Lucélia Santos como protagonista do romance de Bernardo Guimarães.

Mas foi com o sucesso retumbante de “Dancin’ Days”, de 1978 -com Sônia Braga, Antônio Fagundes, Joana Fomm-, feita a partir de um esboço da escritora Janete Clair, que Braga consolidou as bases das telenovelas contemporâneas em horário nobre.

A ela se seguiram “Água Viva”, de 1980, que mostrou pioneiramente o uso da maconha na televisão brasileira, dentro do contexto do cotidiano de personagens de classe média alta.

“Se alguém um dia fez com que a telenovela passasse a representar não histórias idealizadas, mas ‘a vida da gente’, esse alguém foi Gilberto Braga”, comenta Zeca Camargo, apresentador e colunista deste jornal. “Gênio não só nas tramas nas na transformação da nossa vida cotidiana em ricas narrativas televisivas, Gilberto marcou mais de uma geração de telespectadores”.

“Eu gosto muito de herói, mas talvez eu escreva melhor os vilões”, costumava dizer Braga, que eternizou no imaginário popular figuras desprezíveis, mas também fascinantes, como Maria de Fátima e Odete Roitman, ambas de “Vale Tudo”, vividas por Gloria Pires e Beatriz Segall.

A última protagonizou um dos maiores acontecimentos da história da televisão brasileira, fazendo o público parar para tentar decifrar quem era o autor de seu assassinato. Foi um dos “quem matou?” mais eficazes de toda a nossa teledramaturgia. “Quem matou Odete Roitman?”, perguntava o espectador à exaustão no fim dos anos 1980, enquanto esperava o último capítulo do folhetim para ver o mistério solucionado.

Já em “Anos Rebeldes”, Braga criou para Antonio Fagundes o médico Felipe Barreto, um tipo cafajeste que tentava seduzir uma jovem virgem às vésperas de seu casamento. Mais recentemente, em “Celebridade”, transformou Cláudia Abreu em Laura Prudente, que protagonizou uma icônica briga com a personagem de Malu Mader dentro de um banheiro.​

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