Elon Musk é escolhido Pessoa do Ano de 2021 pela revista Time
Ele é considerado o homem mais rico do mundo, possuindo uma fortuna estimada em US$ 188,5 bilhões
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bilionário Elon Musk, 50, foi escolhido Pessoa do Ano de 2021 pela revista Time nesta segunda-feira (13). De acordo com a publicação, o presidente-executivo da Tesla e dono da SpaceX “já tem um alcance que se estende além da Terra” devido aos planos de construir o que ele próprio chama de “uma arca de Noé futurística”.
“O objetivo geral é tornar a vida multiplanetária e permitir que a humanidade se torne uma civilização espacial”, disse Musk na entrevista aos jornalistas da Time. “E a próxima grande coisa é construir uma cidade autossustentável em Marte e trazer os animais e criaturas da Terra para lá. Uma espécie de arca de Noé futurística. Vamos trazer mais de dois, no entanto -é um pouco estranho se houver apenas dois.”
Nascido na África do Sul, Musk é o homem mais rico do mundo, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg. Ao assumir a primeira posição do ranking, em janeiro, sua fortuna era estimada em US$ 188,5 bilhões, quantia que o colocava US$ 1,5 bilhão a frente de Jeff Bezos, dono da Amazon. Nesta segunda, seu patrimônio é estimado pela Bloomberg em US$ 266 bilhões.
“Ele põe satélites em órbita e coloca rédeas no sol; ele dirige um carro que ele criou que não usa gasolina e quase não precisa de um motorista. Com um estalar de seus dedos, o mercado de ações dispara ou desmaia”, diz a Time sobre Musk. “Um exército de devotos paira sobre cada uma de suas declarações. Ele sonha com Marte enquanto cavalga a Terra, indomável e [com seu] queixo quadrado”.
Em abril, a SpaceX venceu a disputa por um contrato de US$ 2,9 bilhões com a Nasa, a agência espacial americana, para levar astronautas à lua. Em setembro, a missão Inspiration 4, também da SpaceX, concluiu com sucesso a primeira viagem ao espaço com uma tripulação composta somente por civis. Durante três dias, quatro passageiros orbitaram o planeta, estabelecendo um marco do turismo espacial.
A Time lista algumas polêmicas envolvendo Musk, como os processos trabalhistas contra suas empresas -que incluem acusações de racismo e de assédio sexual- e as declarações em que o empresário minimizou a gravidade da pandemia. Segundo a publicação, Musk violou restrições “para manter suas fábricas funcionando” e “amplificou o ceticismo sobre a segurança das vacinas”.
A revista diz ainda que o bilionário é comumente tratado como “supervilão arrogante” e “playboy espacial”, mas, em tom elogioso, afirma que as empresas de Musk “revigoraram os sonhos espaciais da América” e que, antes dele, a indústria espacial estava “moribunda”.
Apesar do pioneirismo e dos números astronômicos nas operações da Tesla e da SpaceX, a conduta profissional de Musk também é alvo de críticas.
Na semana passada, o chefe da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) pediu que os líderes do continente parem de facilitar a ambição do empresário multibilionário de dominar a nova economia espacial, advertindo que a falta de ação coordenada significa que o bilionário está “criando as regras” sozinho. O chefe da ESA se referia à Starlink, serviço de internet via satélite para o qual Musk anunciou um investimento de US$ 30 bilhões.
A preocupação com a rápida expansão do programa também chega ao Brasil. Atualmente, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) avalia um pedido da SpaceX, que quer usar sua constelação de quase 5.000 satélites de baixa órbita para oferecer internet no Brasil competindo com as grandes operadoras de telecomunicações. Há outras empresas disputando a concessão, mas o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), já defendeu publicamente o acordo com a empresa de Musk.
Até a manhã desta segunda, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não havia se manifestado sobre a escolha de Musk pela revista. Na semana passada, o líder brasileiro foi eleito personalidade do ano, mas como resultado de votação popular -Bolsonaro recebeu 24% dos votos computados no site da Time, bem à frente do segundo colocado, o ex-presidente americano Donald Trump (9%).
Apesar de uma série de ressalvas feitas pela revista, que explica que a influência da pessoa escolhida pode ser “para melhor ou para pior”, o presidente e seus apoiadores comemoraram o resultado como uma grande vitória. O mandatário chegou a dizer que esperava que a Time concedesse o título principal a ele, “respeitando o resultado das eleições”.
Ao divulgar a escolha popular, a revista destacou que o presidente brasileiro é investigado pelo Supremo Tribunal Federal pelos comentários feitos em 24 de outubro sem base na realidade de que a vacina contra a Covid-19 pode aumentar a chance de contrair o vírus da Aids. A publicação também ressaltou que Bolsonaro foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado que o acusou de uma série de crimes no combate à pandemia, que já matou mais de 600 mil pessoas no Brasil.
Bolsonaro foi escolhido após forte mobilização de apoiadores em redes sociais e aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram, que pediam votos ao mandatário e destacavam a facilidade em registrar a escolha, já que o sistema da Time não exigia cadastro para a votação.
Após o anúncio da escolha de Musk, veículos e influenciadores aliados do presidente voltaram a criticar a revista Time por não terem elegido Bolsonaro a Pessoa do Ano.
“Agora que o Musk foi o escolhido, nossos jornalistas voltam a valorizar a escolha da Time (do time editorial, não dos leitores), e apagar a capa antiga com Hitler”, escreveu, no Twitter, o comentarista da rádio Jovem Pan Rodrigo Constantino.
O Jornal da Cidade Online, líder de audiência entre as páginas bolsonaristas e investigado no inquérito das fake news, publicou uma nota em que afirma que a revista Time é uma “mídia globalista da pior espécie” e que seus editores “não dariam o braço a torcer mantendo Jair Bolsonaro, o eleito do povo”.
A tradição da personalidade do ano começou em 1927, quando o pioneiro da aviação nos Estados Unidos, Charles Lindbergh, foi escolhido o homem mais influente. De acordo com a revista, a escolha surgiu por acaso. As capas da época haviam acabado de adquirir a emblemática borda na cor vermelha e priorizavam retratos de figuras que se destacavam nos eventos da semana.
Desde o início da publicação da Time, em 1923, quatro brasileiros foram retratados na capa da publicação em edições semanais. São eles: o advogado e político Julio Prestes (1930), o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek (1956), o também ex-presidente da República Jânio Quadros (1961) e o ex-líder do regime militar Costa e Silva (1967).
Há vários outros brasileiros, no entanto, na lista da Time que escolhe as pessoas mais influentes do mundo. Neste ano, a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, foi a única representante do Brasil entre os escolhidos. Em 2020, a seleção da revista trazia o presidente Jair Bolsonaro e o influenciador digital Felipe Neto.
Também figuraram na lista, em edições anteriores, os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, atletas como o jogador de futebol Neymar e o surfista Gabriel Medina, entre outras personalidades.
OS ÚLTIMOS ESCOLHIDOS PARA PESSOA DO ANO
2020: Joe Biden e Kamala Harris
2019: Greta Thunberg
2018: ‘Os guardiões’ (jornalistas perseguidos)
2017: Movimento contra o assédio
2016: Donald Trump
2015: Angela Merkel
2014: Equipes que combateram o vírus ebola
2013: Papa Francisco
2012: Barack Obama
2011: ‘O manifestante’ (pessoas que protestaram contra líderes autoritários, como na Primavera Árabe)
2010: Mark Zuckerberg