Após aumento explosivo de casos, Goiás terá protocolo de atendimento a vítimas de LGBTfobia
Finalidade é orientar a atuação de cada área em casos de violência sexual, física, psicológica, moral, entre outras
Com crescimento de 331% no número de casos de homofobia e transfobia nos últimos dois anos, Goiás vai contar com um protocolo de atendimento a vítimas deste tipo de crime. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública acenderam um alerta no Governo Estadual, que busca orientar profissionais ligados à saúde, assistência, educação e segurança pública.
Ao Portal 6, o gerente da Diversidade Sexual da Secretaria de Desenvolvimento Social de Goiás (Seds), Rogério Araújo, explica que a principal motivação para a criação do documento é combater a subnotificação nas estatísticas, criando um ambiente seguro para as denúncias.
“Além da violência que sofre, a vítima tem medo de pedir ajuda com receio de não ser bem recebido. Então o objetivo do protocolo é fazer com que os profissionais estejam preparados para recebê-las, pois o preconceito também vem de um lugar de ignorância e faz com que a pessoa não saiba como agir ou acolher”, expõe.
O protocolo trará diretrizes de como o profissional deve atuar em casos de violência sexual, física, psicológica, moral, negligência e abandono, desde a abordagem até o atendimento. “O preconceito pode acabar existindo na esfera institucional, com casos, por exemplo, de não tratar pessoas transexuais no gênero com que se apresentam. Vamos educar”, afirma.
O trabalho finalizou a etapa de construção do fluxo de atendimento, ou seja, o percurso por onde a pessoa pode passar, para ser acolhida integralmente, e agora caminha para a descrição de responsabilidades. “Nós estamos analisando alguns documentos, mas as diretrizes já existem e a ideia é que a partir do próximo semestre esteja pronto. Com isso, os municípios serão chamados à responsabilidade”, pontua.
Visibilidade
É a partir dos registros, diz o gerente da Seds, que a população LGBTQIA+ começa a ter visibilidade. “Se não tem esses dados no prontuário ou no boletim de ocorrência, não sabemos de quantos e de quem estamos falando, e não é possível desenvolver políticas públicas. É um problema”, destaca.
A pasta pretende combater a defasagem, inclusive, nas escolas. “Quando se passa pela adolescência sendo LGBT, você pode acabar sofrendo violência inclusive no ambiente escolar. Não há um processo de registro neste contexto e também estamos pensando em um processo de notificação na área”, revela.