Seca leva gigante do transporte marítimo a trocar Canal do Panamá por ferrovia

Baixo nível de água estaria causando congestionamento entre embarcações, que agora estão buscando rotas alternativas

Folhapress Folhapress -
Seca leva gigante do transporte marítimo a trocar Canal do Panamá por ferrovia
Imagem ilustrativa do Canal do Panamá. (Foto: Captura/YouTube)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Líder em transporte marítimo, a A.P. Moller-Maersk anunciou nessa quarta-feira (10) que suspendeu as viagens pelo Canal do Panamá para realizar entregas. O motivo é a seca que atinge a região e provocou a redução de travessias pelo local.

A companhia diz ter sido informada pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP) sobre a limitação da quantidade e do peso das embarcações que passam pela rota com base nos níveis de água atuais e projetados no Lago Gatun, o principal reservatório alimentado pelas chuvas que faz com que os navios flutuem pelo sistema de eclusas do Canal do Panamá.

“As embarcações que utilizavam o Canal do Panamá anteriormente agora omitirão o Canal do Panamá e usarão uma ‘ponte terrestre’ que utiliza ferrovias para transportar cargas através dos 80 km (49,71 milhas) do Panamá até o outro lado”, disse a empresa em um comunicado aos seus clientes.

A seca no Panamá reduziu as vagas de trânsito no canal, o que já está forçando os navios-tanque de combustível e os transportadores de grãos a seguir rotas mais longas para evitar congestionamentos.

Isso está causando mais transtornos à rede global de transporte marítimo, que também vem sofrendo com problemas no Mar Vermelho, usado no trajeto entre Ásia e Europa.

PROBLEMAS TAMBÉM NO MAR VERMELHO

Em entrevista ao jornal Financial Times, o CEO da Maersk, Vincent Clerc, disse que a rota do Canal de Suez pode levar meses para voltar à normalidade, já que persistem os ataques do grupo rebelde houthis contra embarcações comerciais. O grupo apoiado pelo Irã está realizando a ofensiva no litoral do Iêmen em protesto contra Israel devido aos ataques contra o grupo terrorista Hamas.

“Não está claro para nós se estamos falando de restabelecer a passagem segura para o Mar Vermelho em questão de dias, semanas ou meses… Isso pode ter consequências potencialmente significativas para o crescimento global”, afirmou Clerc.

As embarcações da Maersk vem optando por realizar o trajeto pelo Cabo da Boa Esperança para fazer a rota Ásia-Europa, mas o percurso demora 12 dias a mais, o que eleva os custos com combustível e mão de obra. Com isso, o preço do frete está aumentando.

Um navio da Maersk foi atacado em meados de dezembro do ano passado, levando o grupo dinamarquês a suspender viagens pelo Mar Vermelho. O grupo retomou as viagens alguns dias depois, depois que uma coalizão militar liderada pelos EUA tentou criar uma passagem segura, mas sofreu outro ataque no final de dezembro e anunciou nova suspensão.

Desviar navios porta-contêineres pelo Cabo da Boa Esperança acrescenta cerca de 13.000 km de distância para uma viagem de ida e volta entre a Ásia e a Europa, e centenas de dólares por contêiner, disse Clerc.

“Neste momento em que a inflação é um grande problema, isso está colocando pressão inflacionária em nossos custos, em nossos clientes e, em última análise, nos consumidores na Europa e nos EUA”, acrescentou ele. “No curto prazo, isso poderia causar interrupções significativas no final de janeiro, fevereiro e março.”

A conta de combustível da Maersk será 50% mais alta como resultado dos navios que fazem a rota mais longa. Se não for resolvido, os navios em breve estarão fora de posição, ameaçando a logística e as cadeias de suprimentos globais, avaliou o CEO da Maersk, que é responsável pelo transporte marítimo de 20% das cargas no mundo.

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