PL aposta em pulverizar candidaturas e adia escolha de vice para Ramagem

Estratégia adiou para período das convenções (agosto) a definição sobre a vaga de vice na chapa

Folhapress Folhapress -
PL aposta em pulverizar candidaturas e adia escolha de vice para Ramagem
Alexandre Ramagem; (Foto: Câmara dos Deputados)

ITALO NOGUEIRA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O PL aposta nesta pré-campanha no Rio de Janeiro na pulverização de pré-candidaturas à prefeitura para tentar forçar um segundo turno entre o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o prefeito Eduardo Paes (PSD), que busca a reeleição.

A avaliação atual do comando da campanha do ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) da gestão Jair Bolsonaro é de que são necessários diferentes nomes para atacar de formas distintas a gestão municipal. A estratégia adiou para o período das convenções (agosto) a definição sobre a vaga de vice na chapa de Ramagem.

O plano, porém, sofreu um revés nesta quinta-feira (2), com a condenação pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil) sob acusação de violência política de gênero contra a vereadora trans Benny Brioly (PSOL). A decisão pode impedir o registro de sua candidatura em razão da Lei da Ficha Limpa.

Além de Amorim, são vistos como próximos do campo bolsonarista os deputados federais Otoni de Paula (MDB) e Marcelo Queiroz (PP), também pré-candidatos.

A articulação difere da conduzida por Paes, que vem tentando ampliar cada vez mais sua aliança para reduzir o número de postulantes. Ele ainda tenta atrair MDB, PP e União Brasil para sua futura coligação. A intenção do prefeito é tentar liquidar a fatura no primeiro turno.

Entre os três representantes do campo político de Ramagem, o nome do MDB é o principal alvo para uma aliança. Políticos do PL avaliam que Otoni pode afetar a votação do ex-diretor da Abin entre evangélicos. A campanha também espera reciprocidade do partido em razão do apoio dado à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Amorim, por sua vez, é visto como um candidato com perfil mais provocativo e ofensivo contra o prefeito. O estilo pouparia Ramagem de realizar os ataques mais pesados a Paes, favorecendo para a construção de uma imagem menos radical.

O político da União Brasil ficou nacionalmente conhecido por ter quebrado a placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL) na campanha de 2018, ano em que ela foi assassinada.

A aliança tácita ficou exposta na cerimônia de entrega da medalha Pedro Ernesto a Ramagem, na Câmara Municipal.

Em discurso, Amorim afirmou que “essa eleição não é obra de vaidade ou projeto individual, nem mesmo exclusivamente partidário”.

“Desde o primeiro momento mantenho um diálogo permanente com o deputado Altineu [Côrtes, líder do PL na Câmara dos Deputados], com o [Bruno] Bonetti [presidente do PL no Rio de Janeiro], com todas as lideranças do PL. […] Não tem adversários. Essa eleição tem o propósito de livrar e defenestrar o Rio de Janeiro dos desmandos de Eduardo Paes”, disse ele.

Amorim deixou explícito também o seu estilo como opositor do prefeito. Chamou Paes de “vagabundo, cachaceiro, fanfarrão e sem palavra”.

A “dobradinha” gerou até um episódio curioso. Amorim teve de esclarecer que seu irmão, o vereador Rogério Amorim (PL-RJ), responsável pela homenagem a Ramagem, fará campanha pelo ex-diretor da Abin mesmo que ele seja candidato.

“A decisão do Rogério está tomada. Ele vai para a rua incansavelmente panfletar o nome de Ramagem para a Prefeitura do Rio de Janeiro”, disse o deputado estadual.
Marcelo Queiroz não esteve presente, mas enviou uma carta lida por Rogério na qual registrou sua admiração por Ramagem.

Com um estilo mais conciliador, o deputado do PP foi secretário tanto na gestão Marcelo Crivella (2017-2020) como no segundo mandato de Eduardo Paes (2013-2016). No PL, ele é visto como um potencial candidato a atrair alguns eleitores que não aprovam o prefeito, mas resistem ao bolsonarismo no Rio de Janeiro.

A pulverização visa tirar votos de Paes para garantir um segundo turno, quando, na avaliação do PL carioca, Ramagem poderá explorar mais a nacionalização da campanha. A aposta se deve no fato de Bolsonaro ter vencido o presidente Lula na capital, apesar do apoio do prefeito.

A estratégia de pulverização de candidaturas ainda pode mudar, a depender do cenário eleitoral. Um fator relevante na análise do PL é a evolução da candidatura do deputado federal Tarcísio Motta (PSOL). Há preocupação tanto com uma desidratação significativa, levando eleitores de esquerda a Paes, como um eventual crescimento a ponto de ameaçar Ramagem.

Esses cenários serão avaliados no final de julho, quando começam a ser realizadas as convenções municipais para confirmação das candidaturas.

O PL também não descarta uma chapa puro-sangue. Nesse caso, uma das apostas é a inclusão de uma mulher na chapa, tendo como principal postulante a deputada federal Chris Tonietto (PL-RJ).

A pré-candidatura de Ramagem foi mantida mesmo com o ex-diretor da Abin na mira das investigações da Polícia Federal sob suspeita de participação nos monitoramentos ilegais feitos durante sua gestão no órgão federal.

A PF cumpriu em janeiro mandados de busca e apreensão no gabinete e no apartamento funcional de Ramagem, que também teve seu celular apreendido. O deputado nega as acusações.

Ramagem foi escolhido por Bolsonaro como pré-candidato depois que sua primeira opção, o general da reserva Walter Braga Netto, foi condenado à inelegibilidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A punição se deu em razão do uso da máquina pública em favor da reeleição do ex-presidente nas comemorações do Bicentenário da Independência, na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.

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