Saiba o que é a hidrolipo, procedimento estético realizado por mulher que morreu em SP
Ao Portal 6, especialista explicou principais complicações que costumam ocorrer durante operações deste tipo
Morta nesta terça-feira (26), Paloma Lopes Alves, de 31 anos, passava por uma cirurgia de hidrolipo e já estava na sala de recuperação pós-operatória quando começou a passar mal. A mulher foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas faleceu antes de chegar ao Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, em Tatuapé (SP).
Segundo o médico Josias Caetano dos Santos, responsável pelo procedimento, a vítima — que realizou a intervenção em uma clínica de estética de São Paulo — apresentou falta de ar, ficou inconsciente e evoluiu rapidamente para óbito.
Mas, afinal, seria a hidrolipo a principal causadora da trágica partida de Paloma? Diante deste caso, o Portal 6 conversou com Pedro Henrique Rodrigues Cruz, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que explicou como funciona o método.
À reportagem, o profissional explicou que a cirurgia é uma espécie de lipoaspiração, mas que, diferente da convencional, não realiza a sedação completa do paciente.
“É uma lipoaspiração normal, mas a diferença é que é feita com anestesia local, com o paciente completamente acordado. Existe um limite de segurança, uma medição máxima de anestésico, mas para essa sedação local, usa-se uma dose acima da recomendada, de até cinco vezes mais”, detalhou.
Problemas comuns
Segundo o cirurgião plástico, este procedimento costuma ser utilizado em casos específicos, onde a remoção de gordura é realizada em partes pequenas e específicas do corpo, como a papada, por exemplo.
“Quando acontecem essas intercorrências, geralmente é em áreas muito grandes para serem feitas com anestesia local, como neste caso, onde foi aplicado no abdômen e nas costas. As pessoas excedem mesmo esse parâmetro de segurança estendido, que já nem é tão seguro assim”, pontuou.
Outro aspecto destacado pelo médico é que, diferente da lipoaspiração tradicional, operações de hidrolipo geralmente são realizadas com uma equipe reduzida, sem a presença de um anestesista, e muitas vezes comandadas por apenas uma pessoa.
“Muitas vezes é feito por um profissional que nem é médico, que não tem recursos humanos com capacidade técnica para lidar com isso, além de ser realizado em clínicas de shopping, que não são ambientes adequados para um procedimento cirúrgico”, afirmou.
“A gente vê, principalmente nesses casos que dão problema, que são médicos sem qualquer especialização ou até mesmo profissionais não médicos que se aventuram na área da estética”, completou.
Impossível definir
Apesar disso, Pedro Henrique reiterou que não é possível cravar que o óbito de Paloma foi causado por esses fatores, ainda que sejam recorrentes em procedimentos envolvendo a hidrolipo.
Segundo ele, é comum que complicações ocorram durante quais quer operações, mas, se feitas em locais apropriados e com equipes adequadas, geralmente esses percalços são resolvidos sem maiores problemas.
“Agora, realmente é preciso aguardar o laudo do IML, mas, nessas situações, é muito comum que o problema esteja relacionado ao excesso de anestésico, que ultrapassa o limite de segurança”, finalizou.