Médicos descartam lesão no cérebro de Lula e preveem alta em 1 semana

Trata-se de um hematoma frontoparietal, do lado de fora do cérebro

Folhapress Folhapress -
Lula
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

ARTHUR GUIMARÃES – O presidente Lula, 79, evoluiu bem à cirurgia para drenagem de hematoma, está estável e conversa e se alimenta normalmente. A informação é da equipe médica, que fala à imprensa nesta segunda-feira (9) no Hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo.

Segundo os médicos, não há nenhum comprometimento cerebral. Trata-se de um hematoma frontoparietal, do lado de fora do cérebro. A cirurgia durou cerca de duas horas, e o presidente chegou lúcido e orientado ao hospital. Ele teve mal-estar, náuseas e um estado meio gripal.

Tratou-se de uma complicação comum após quedas como a sofrida em outubro pelo presidente. Lula deve receber alta no começo da semana que vem, segundo a previsão dos médicos.

Falaram à imprensa os médicos Marcos Stavale, Ana Helena Germoglio, Roberto Kalil, Rogério Tuma e Mauro Suzuki. O médico Rogério Tuma descartou a possibilidade de novas complicações como essa.

“Ele vai ficar por mais 48 horas na UTI para observação. Como eu disse ele está bem, se alimentando, consciente, está normal. É mais por precaução”, afirmou Kalil.
Marcos Stavale disse que o presidente ficará internado e depois seguirá a vida com normalidade. “Não é que ele vai ficar a cada semana fazendo tomografia”, completou Kalil.

O petista teve uma hemorragia intracraniana e foi submetido nesta madrugada a uma craniotomia para drenagem de hematoma. A hemorragia está relacionada à queda sofrida por Lula em 19 de outubro, quando bateu a cabeça no banheiro do Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência.

Nesta segunda-feira (09), Lula reclamou de dores na cabeça e sonolência em conversas com ministros, segundo relato de um deles. Um dos interlocutores do presidente disse que o petista demonstrava desconforto já durante a tarde.

Lula saiu do Palácio do Planalto às 18h antes do fim de uma reunião com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e foi para a unidade do Hospital Sírio-Libanês em Brasília.

A intenção original era que ele fosse submetido a exames só na manhã desta terça-feira (10). Consultado, o médico do presidente Roberto Kalil Filho resolveu antecipá-los. Após resultado, o presidente foi transferido em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para São Paulo.

Lula descreveu a queda no banheiro em uma entrevista à RedeTV! no início de novembro. Segundo ele, a queda sofrida resultou em uma “batida muito forte” da cabeça e que ele achou que “tinha rachado o cérebro”.

“Eu caí de onde eu nunca deveria ter caído. Veja, eu cheguei 16h30 no sábado, em casa, vindo de São Paulo e eu sentei para cortar a minha unha, cortei minha unha, lixei minha unha, sentado num banquinho que eu sempre sentei. E atrás do banco que estava sentado tem o espelho, as gavetas onde guardam as coisas e uma hidromassagem, grande, de 1,5 metros de altura. Eu estava sentado”, descreveu.

“Quando eu fui guardar o estojo, ao invés de mexer com o banco, eu mexi só com o corpo. O dado concreto é o seguinte: que não teve mais espaço e aí a minha bunda não levitou. Então eu caí e bati com a cabeça. Foi uma batida muito forte, saiu muito sangue, eu achei que tinha rachado o cérebro, rachado o casco.”

Lula então relatou que foi levado diretamente para a unidade de Brasília do hospital Sírio Libanês. E então relatou que teve a percepção de ser uma coisa “muito mais grave”

“Eu achei que era uma coisa muito mais grave. A batida mexeu com o cérebro, estou fazendo ressonância magnética a cada três dias. Agora vou fazer uma última, uma última não, fazer uma no domingo para ver se estou 100% curado”, afirmou o presidente.

A recorrência do sangramento intracraniano sofrido pelo presidente pode aumentar as chances de sequelas e demandar um tempo maior de afastamento.

Ainda não se sabe qual o tipo de hematoma foi diagnosticado em Lula, mas, pelas características e tipo de intervenção realizada, médicos ouvidos pela Folha de S.Paulo acreditam ser o subdural, o mais comum em idosos.

O neurocirurgião Luiz Severo explica que fatores como idade, uso de anticoagulantes e traumas seguidos aumentam o risco de recorrência do sangramento, o que se torna mais preocupante.

“Um sangramento não operado pode ir evoluindo com o tempo e colecionando no espaço do cérebro que idoso tem. O idoso tem um espaço maior no cérebro, por conta da atrofia cerebral, uma condição natural.”

Para ele, essa cirurgia de urgência tem várias considerações importantes em relação à sua recuperação e prognóstico. “Sendo o presidente do país tudo isso começa a ser preocupante.”

De acordo com o médico, a recorrência do sangramento intracraniano seguido de cirurgia podem aumentar as chances de sequelas, mas isso pode variar dependendo da gravidade da hemorragia e da rapidez com que o tratamento foi realizado.

Nessas situações, o hematoma pode comprimir áreas importantes do cérebro, como da fala, da motricidade e das emoções.

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