Presidente interino da Coreia do Sul renuncia e sinaliza candidatura
Anúncio foi feito após uma decisão da Suprema Corte que pode colocar em risco a candidatura de Lee Jae-myung, o candidato de oposição


(FOLHAPRESS) – O presidente interino da Coreia do Sul, Han Duck-soo (sem partido), renunciou ao cargo nesta quinta-feira (1º), sinalizando que deve se candidatar à eleição que vai definir o novo líder do país, no início de junho.
O anúncio foi feito após uma decisão da Suprema Corte que pode colocar em risco a candidatura de Lee Jae-myung, o candidato de oposição, o qual estava à frente nas pesquisas.
Han fez um discurso no Complexo Governamental de Seul. “Estou renunciando à minha posição como presidente interino e primeiro-ministro.
Decidi renunciar ao meu cargo para fazer o que posso e o que tenho que fazer para superar a crise que estamos enfrentando”, disse, em uma fala de seis minutos, de acordo com o jornal sul-coreano Kyunghyang Shinmun.
Embora não tenha citado diretamente a eleição presidencial, ele falou em “assumir uma responsabilidade maior”. “Há dois caminhos à minha frente: um é cumprir a importante responsabilidade que me foi confiada agora, e o outro é deixar de lado essa responsabilidade e assumir uma responsabilidade maior”.
As eleições presidenciais na Coreia do Sul estão marcadas para 3 de junho. O pleito, que, pelo cronograma normal, deveria acontecer em 2027, foi antecipado devido à crise que derrubou o presidente anterior, Yoon Suk Yeol.
A Suprema Corte sul-coreana anulou hoje uma decisão que inocentava Lee Jae-myung, do Partido Democrata, de uma acusação de violar a lei eleitoral.
Lee é atualmente o favorito para o pleito de acordo, com as pesquisas eleitorais. Com a anulação, a elegibilidade de Lee é incerta.
Han é conservador, e fazia parte do governo de Yoon Suk-yeol. Apesar de atualmente ser independente, ele tem laços com o Partido do Poder Popular, de direita.
Han e o líder do partido, Han Dong-hoon, chegaram a apresentar um plano para compartilhar temporariamente a Presidência, em dezembro passado, após a saída de Yoon, mas a proposta recebeu críticas e foi considerada inconstitucional.
Crise na Coreia do Sul
Han, que era primeiro-ministro desde 2022, assumiu a presidência após o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, em 14 de dezembro de 2024. Nesta quinta-feira, Yoon foi indiciado sob a acusação de abuso de poder por impor a lei marcial no país, medida que o derrubou.
Em 27 de dezembro de 2024, apenas 13 dias depois de assumir, Han também sofreu um impeachment. Ele foi afastado pelo parlamento sul-coreano após acusação de manobrar para bloquear a ratificação do impeachment de Yoon Suk Yeol pelo Judiciário. Em 24 de março deste ano, ele foi restituído ao cargo pelo Tribunal Constitucional da Coreia do Sul.
Repercussão e próximos passos
O Partido Democrata da Coreia criticou a renúncia de Han como “um ato de abandono dos assuntos de Estado, cegado pela ganância”.
Cho Seung-rae, porta-voz do partido de oposição, que é maioria no Parlamento, disse em um comunicado que é “ridículo que uma pessoa que serviu como primeiro-ministro de Yoon Suk-yeol por três anos e arruinou o país e a economia resolva os ‘desafios e crises’ da República da Coreia”.
Segundo a lei do país, o ministro da Economia, Choi Sang-mok, deverá assumir a presidência interina. Ele já havia atuado como presidente durante o afastamento de Han após o impeachment.