Mãe de criança autista denuncia perseguição em condomínio de Anápolis: “os filhos dos outros podem, só o meu não”
Moradora recebeu uma advertência após o adolescente, de 13 anos, ter sido flagrado andando sozinho no residencial

Uma moradora de um condomínio residencial em Anápolis, localizado no Bairro de Lourdes, denunciou ao Portal 6 que o filho vem sofrendo perseguição por parte da gestão. Ela acredita que a situação se deva por conta do adolescente, de 13 anos, ser autista.
Em entrevista à reportagem, a mãe, que preferiu por não ter o nome divulgado para preservar a privacidade do pequeno, contou que tudo começou após receber uma advertência da gestão. O motivo foi o fato do filho ter sido visto andando desacompanhado nas dependências internas do residencial.
Conforme consta no artigo 68 do regulamento, menores de idade não podem circular sem a presença dos responsáveis, com o condomínio podendo até mesmo acionar o Conselho Tutelar em casos de flagrante.
Por mais que admita ter ciência da norma, ela contou que nunca percebeu que a medida era, de fato, posta em prática, ainda mais com adolescentes. Tanto é que, segundo ela, se tornou natural ver crianças e jovens andando, conversando e brincando nas áreas de lazer, ainda que sem adultos por perto.
Outros moradores também confirmaram a reportagem que a proibição em si nunca foi vista como rigorosa.
“Meu ponto principal não é a regra em si, afinal a regra deve ser respeitada, mas também deve valer para todos. Agora você vê crianças brincando lá o dia inteiro e ninguém fala nada.
Logo após receber a notificação, ela chegou a confrontar o porteiro da unidade acerca de outros jovens que também brincavam sozinhos, ao que o funcionário responde que elas estavam sendo supervisionadas por uma adolescente de 16 anos.
“Você quer comparar uma criança especial com uma menina de 16 anos? Eu tenho filho autista, você acha que eu deixaria meu filho sozinho?”, questionou.
A mãe ressaltou que, apesar de toda a situação, não deixa o circular sem supervisão mas que, como forma de incentivar maior autonomia, o autoriza a ir até a portaria para pegar encomendas, enquanto o vigia atentamente.
Ela também aponta outra inconsistência com relação a advertência. Isto porque, como consta no documento, o adolescente teria sido flagrado andando desacompanhado na tarde do dia 05 de setembro.
Porém, ela apresentou um documento assinado pelo secretário escolar do Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás (CEPMG) Senador Onofre Quinan atestando que o mesmo estava nas dependências da instituição ao longo da tarde do referido dia.
“Mães de autistas sabem como é desafiador, como qualquer injustiça as pessoas tentam minimizar, falar que não é por conta de que é autista. Mas a gente sabe. Como pode tantas outras crianças brincarem a tarde inteira e meu filho, que vai até a portaria e volta em três minutos, ser o único penalizado?”, questionou.
A reportagem entrou em contato com o condomínio, mas não houve retorno em tempo hábil. O espaço segue em aberto.
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— Portal 6 (@portal6noticias) October 7, 2025
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