Sou médico legista e peço que leiam esta reflexão sobre a morte de Marília Mendonça
Se o acidente de avião em que Marília Mendonça morreu hoje fosse no céus de Anápolis, eu seria o médico legista que faria a necropsia. Digo isso, porque ao saber da morte, imediatamente entramos em alerta quando estamos de plantão, querendo prestar com agilidade e excelência nossa missão em momentos tão dramáticos e de extrema dor.
Em todos esse anos como legista, atestando óbito de centenas de mortes violentas, como acidentes aéreos, sempre que possível faço uma reflexão e gostaria de dividir com os leitores.
Se pudéssemos voltar no tempo, convivendo por exemplo com a Marília e soubéssemos que hoje, sexta-feira (05) seria sua morte, o que faríamos de diferente sabendo que tudo isso iria acontecer? Se ao invés dela, fosse um familiar, o pai, a mãe, irmãos, amigos, como agiríamos se conhecendo o presente, voltássemos ao passado?
Após uma década de plantão e horas de estudos e reflexão, vou sugerir três coisas para fazermos de diferente que irá nos tornar ainda melhores como filhos, como pais, amigos, irmãos, como ser humano:
1. Medir melhor as nossas palavras: no auge da nossa força e juventude, podemos ser ignorantes e usar palavras que ofendem e gera confusão. Quem conhece o peso de uma palavra, valoriza a grandeza do silêncio;
2. Escolher melhor as pessoas que vamos escutar conselhos e convites;
3. Perdoar mais.
Por causa de besteiras, deixamos pessoas partirem e não pedimos perdão a tempo. O orgulho é o maior inimigo que nos dificulta a perdoar. A falta de perdão, nos deixa encarcerados em nós mesmos.
Perdemos Marília Mendonça hoje. Amanhã continuaremos perdendo mais pessoas. Um dia alguém irá nos perder. Fica o legado de quem cantou “Sofrência Empoderada” e foi uma brilhante artista. E nós? Que legado deixaremos? Por enquanto, fiquem com as três sugestões.
José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo PSB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.
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