Após derrota na eleição legislativa, peronismo perderá controle do Senado

Em nível nacional, a coalizão de centro-direita liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri, obteve 41,97% dos votos

Folhapress Folhapress -
Atual presidente, Alberto Fernández, precisará fazer alianças para governar. (Foto: Reprodução/ Instagram Alberto Fernández)

O governo de Alberto Fernández sofreu uma nova derrota nas eleições legislativas deste domingo (14) e o peronismo perderá o controle do Senado, algo que não ocorria desde 1983.

A aliança governista Frente de Todos ficou 8,4 pontos atrás da oposição em todo o país, o que tornará mais complicado o cenário dos próximos dois anos da gestão de Fernández.

O peronismo, porém, conseguiu se recuperar em relação ao que indicavam os resultados das eleições primárias, realizadas em setembro. O último pleito foi considerado um termômetro da insatisfação com o governo Fernández e desatou uma crise entre os governistas que levou à troca de vários ministros.

A eleição deste domingo renovou um terço do Senado (24 vagas) e metade da Câmara dos Deputados (127). Os eleitos assumem no próximo dia 10 de dezembro. Dados oficiais apontam que houve participação de 71% do eleitorado, o que representa um aumento em relação ao comparecimento das primárias (66%).

Em nível nacional, a Juntos por el Cambio, coalizão de centro-direita liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri, obteve 41,97% dos votos, contra 33,57% do peronismo. A esquerda se consolidou como terceira maior força política do país, com 5,91%.

A principal vitória da oposição foi na província de Buenos Aires, principal reduto eleitoral do país, com 38% dos votantes argentinos. Ali, onde o peronismo havia sido vencido por 4 pontos nas primárias, a Juntos por el Cambio, com o candidato Diego Santilli, ganhou por 39,81% – Victoria Tolosa Paz ficou com 38,53%.

Na capital do país, os aliados de Fernández tiveram resultado ainda mais fraco. O candidato Leandro Santoro obteve 25,1% enquanto sua adversária, a ex-governadora María Eugenia Vidal, também de centro-direita, recebeu 47,01% dos votos. O economista de ultradireita Javier Milei ficou com 17,03%, tornando os libertários, que se pautam pela “luta contra o socialismo”, a terceira força política em Buenos Aires.

Durante a comemoração de Milei no tradicional Luna Park, um segurança correu em direção ao palco em que estava o deputado eleito e outras lideranças de seu partido para intimidar um apoiador que tentava subir no palanque. O agente fez um gesto insinuando que estava armado e disposto a atirar se fosse necessário. O episódio viralizou nas redes sociais argentinas.

Na Argentina, o vice-presidente é também o líder do Senado. Como sua aliança perdeu o quórum, Cristina Kirchner, vice de Fernández, terá mais dificuldades para determinar a agenda de trabalho e de votação da Casa. Os governistas não poderão iniciar uma sessão, por exemplo, sem o apoio da oposição.

O líder argentino fez dois discursos na noite de domingo. No primeiro, transmitido pela TV de Olivos, sua residência oficial, Fernández afirmou que assumia seus erros e pediu diálogo e responsabilidade à oposição. Ao mesmo tempo, culpou a administração de seu antecessor, Macri, por ter “endividado o país”.

O mandatário se referia à dívida de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que seu ministro da economia, Martín Guzmán, agora tenta renegociar.

No segundo discurso, já na sede da aliança Frente de Todos, Fernández se dirigiu à militância peronista e, em certa medida, tentou ver o copo meio cheio. O presidente afirmou ter sido positiva a recuperação do desempenho dos peronistas com relação ao resultado das primárias.

Além dele, discursaram Tolosa Paz, que perdeu em Buenos Aires e Sergio Massa, que manterá o cargo de líder da Câmara dos Deputados -se o peronismo tivesse perdido mais cadeiras na Casa poderia ter que lidar com um opositor no comando do Legislativo e, por consequência, na linha de sucessão presidencial. O ambiente era de festa, mas o local estava mais vazio que nas vezes anteriores.

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