Gabriel, 12, ganha árvore de Natal e presentes após fotos em lixão
Ele ganhou a árvore e os outros presentes após imagens do fotógrafo João Paulo Guimarães viralizarem nas redes sociais
Gabriel Silva, 12, o menino que mobilizou a internet após encontrar uma árvore de Natal no meio de um lixão em Pinheiro, no interior do Maranhão, ganhou o seu próprio enfeite natalino, além de brinquedos e cestas básicas.
Pela primeira vez na vida, a sala da casa dele tem uma árvore com bolas coloridas e outros adornos típicos dessa época do ano.
Ele ganhou a árvore e os outros presentes após imagens do fotógrafo João Paulo Guimarães viralizarem nas redes sociais.
“Já é Natal. Graças aos humanos daqui, já é Natal”, escreveu o fotógrafo no dia em que Gabriel ganhou a árvore.
Guimarães é de Belém (PA), mas estava na cidade maranhense para fotografar o lixão.
“O Gabriel estava catando lixo e aí, no meio da sujeira, encontrou essa árvore de Natal e ficou muito, mas muito feliz”, escreveu o fotógrafo. “Gabriel guardou a árvore dentro de uma caixa, voltou para procurar comida e depois veio buscar a árvore para levar para casa”.
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As imagens, acompanhadas do relato, inspiraram as doações ao menino e a criação de uma vaquinha virtual que já arrecadou R$ 66 mil, com a participação de 1684 pessoas. A meta é chegar aos R$ 80 mil para ajudar a família.
O sonho da criança e da mãe, Maria Francisca Silva, é melhorar as condições de moradia. Hoje eles vivem em uma casa de barro e querem construir um imóvel de alvenaria. Gabriel precisa também de roupas.
Maria é catadora de lixo reciclável e conta com a ajuda do filho na parte do dia em que ele não está na escola.
Em novembro, a Prefeitura de Pinheiro anunciou a criação do programa Renda Mínima e a implantação de um aterro sanitário na cidade. O programa social vai garantir um valor de R$ 100 mensais para os catadores e recicladores. Eles também receberão cestas básicas.
Também em novembro, foi criada a Associação Civil de Catadores/Recicladores de Pinheiro, o que permitirá a organização do trabalho da categoria e a busca por políticas públicas que ajudem as famílias.
“Essas pessoas estão invisíveis. Elas estão excluídas. Isso é uma afronta à dignidade humana: você se deparar com pessoas que estão vivendo abaixo da linha da miséria. Isso nos choca como seres humanos. Nós temos a missão de buscar justiça social para essas comunidades”, afirma o defensor público Fernando Eurico.
Eurico é o autor de um vídeo que mostra as condições precárias das famílias no lixão. O vídeo chamou a atenção de Guimarães e o levou a realizar as fotos que revelaram a história do menino Gabriel.
As cerca de 300 famílias catadoras e recicladoras de lixo em Pinheiro são acompanhadas pela Defensoria Pública e criaram a associação em um encontro promovido pelo núcleo regional da instituição.
Ao menos 3.000 dos 5.570 municípios do país mantêm lixões a céu aberto, e quase metade deles ainda utiliza os locais para depositar resíduos sólidos, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).
O Nordeste é a região com mais lixões ativos e tem a menor cobertura de coleta de resíduos do país.
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