Ronaldo Fenômeno anuncia compra do Cruzeiro

"Tenho muito a retribuir ao Cruzeiro, levar o Cruzeiro ao lugar onde ele merece estar", disse Ronaldo

Folhapress Folhapress -
Ronaldo Fenômeno anuncia compra do Cruzeiro
Ronaldo jogou no Cruzeiro entre 1993 e 1994. (Foto: Reprodução)

O Cruzeiro será comprado por Ronaldo Nazário. O negócio foi anunciado na tarde deste sábado (18) pelo ex-jogador durante uma transmissão online em uma rede social. O ex-atleta estava junto do presidente do time mineiro, Sérgio Santos Rodrigues, que confirmou a negociação.

“Quero dizer que tenho muito a retribuir”, afirmou Ronaldo, que iniciou a carreira como jogador atuando na equipe de Minas, pela qual jogou de 1993 a 1994, antes de se transferir para o PSV, da Holanda -foram 58 jogos e 56 gols pelo clube.

“O clube que revelou o Ronaldo para o mundo agora o Ronaldo está abrindo as portas do mundo para esse clube de novo”, disse Sérgio Rodrigues.

Atualmente, o ex-atacante também é dono de um clube na Espanha, o Valladolid, da Segunda Divisão. Em 2018, o brasileiro comprou 51% das ações do time.

Sérgio Rodrigues também comentou o acerto. “[Ronaldo será] nosso acionista majoritário do Cruzeiro SAF. Obrigado. Estamos certos que aqui é um projeto que será pioneiro para o futebol brasileiro.”

O negócio começou a ser costurado em meados de janeiro, quando o dirigente esteve em São Paulo para uma reunião com o ex-atleta. Na ocasião, ele afirmou que “coisas boas virão por aí”.

Pedro Mesquita, head da XP Investimentos, que participou da operação, disse que o negócio foi formatado nos últimos meses. “É uma negociação que não começou agora. Estamos conversando há bastante tempo. Como todo negócio bom, a gente manteve isso a sete chaves.”

De acordo com Mesquita, ainda há uma série de trâmites até o acerto ser concretizado. “Tem uma dívida grande no Cruzeiro, tem toda a tramitação, renegociação para fazer, mas é o início dessa nova trajetória.”

Ronaldo será o acionista majoritário do Cruzeiro SAF (Sociedade Anônima do Futebol), constituída pelo clube há duas semanas.

Na sexta-feira (17), durante uma assembleia, foi aprovado uma mudança no estatuto do time mineiro para permitir que até 90% das ações da SAF possam ficar nas mãos de investidores. Antes, até 49% poderiam ser vendidos.

Ao todo, 564 pessoas estiverem presentes na votação, entre conselheiro e associados, dentre cerca de 3 mil aptos a votar. Foram 544 votos a favor da mudança, 18 contra, um branco e um nulo.

“Ontem, a gente precisava de uma aprovação para que isso acontecesse, e hoje estamos aqui assinando a nossa intenção de o Ronaldo ser agora o nosso acionista, já conhecido como ‘presidente’, agora como nosso acionista majoritário da Cruzeiro SAF. Obrigado, Ronaldo, bem-vindo de volta”, comentou Sérgio.

O modelo de clube-empresa é visto pela diretoria como uma forma de recuperar o time, que vive uma das maiores crises de sua história. Com uma dívida de cerca de R$ 660 milhões, vai disputar em 2022 a Série B do Campeonato Brasileiro pelo terceiro ano consecutivo, o que impacta nas arrecadações.

O clube não divulgou nenhum relatório ou extrato de suas finanças em 2021. O documento mais recente é de 2020 e mostra o quanto a receita caiu por disputar a Série B. Em 2019, foram gerados R$ 303 milhões. No primeiro ano após a queda, o valor foi de R$ 120 milhões, segundo estudo do Itaú BBA.

“Tenho muito a retribuir ao Cruzeiro, levar o Cruzeiro ao lugar onde ele merece estar. A gente tem muito trabalho pela frente, peço ao torcedor que se conecte outra vez com o clube, volte a frequentar o clube, a ir aos estádios, porque a gente vai precisar de toda a força e união da torcida cruzeirense”, disse Ronaldo.

“A gente tem muito trabalho pela frente, não temos nada que comemorar por enquanto, mas temos muita ambição de fazer o Cruzeiro gigante novamente”, acrescentou.

Ao longo desta temporada, o time de Minas conviveu com salários atrasados e terminou a Série B apenas na 14ª posição. Durante boa parte da campanha, chegou a correr risco de cair para a Série C.

A situação tem sido recorrente no clube desde o ano da queda. Salários atrasados, jogadores afastados e quatro técnicos diferentes durante a disputa do Campeonato Brasileiro de 2019, além de uma investigação policial envolvendo membros da diretoria, foram alguns dos componentes que provocaram o descenso.

Naquele ano, a administração foi acusada de transações irregulares e uso de empresas de fachada em negócios da agremiação, em escândalos que marcaram a gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá e do ex-vice-presidente de futebol Itair Machado.

Em outubro de 2020, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou os dois e outras seis pessoas por crimes como lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. Eles viraram réus e respondem em liberdade.

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