Um branco e um negro brigaram em shopping dos EUA; a polícia algemou só um deles

Filmagem viralizou nas redes sociais e foi retransmitido nas principais emissoras da TV americana

Folhapress Folhapress -
Adolescentes durante briga e abordagem policial em shopping de Bridgewater, nos EUA (Foto: Reprodução/ Twitter)Um branco e um negro brigaram em shopping dos EUA; a polícia algemou só um deles
Adolescentes durante briga e abordagem policial em shopping de Bridgewater, nos EUA (Foto: Reprodução/ Twitter)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um vídeo que mostra policiais separando uma briga entre dois adolescentes, um negro e um branco, em um shopping dos Estados Unidos gerou indignação devido à evidente diferença de abordagem utilizada pelos agentes e reacendeu o debate acerca da violência policial e do racismo estrutural no país.

Nas imagens (veja no vídeo a seguir), dois agentes chegam ao local segundos após a briga começar. Enquanto uma policial puxa o jovem branco e o deixa sentado em um sofá observando a cena, o adolescente negro é jogado no chão e contido de forma violenta por outro agente, que pressiona os joelhos sobre as costas do garoto. Os dois policiais então algemam apenas o adolescente negro, sob a mira de câmeras e olhares de outros jovens que presenciavam a abordagem.

Veja o vídeo:

 

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O vídeo viralizou em redes sociais e foi retransmitido nas principais emissoras da TV americana. A briga e a ação policial ocorreram no último sábado (12) em Bridgewater, no estado de Nova Jersey. As imagens não mostram o motivo do embate ou o que aconteceu após a abordagem.

O departamento de polícia local divulgou uma nota reconhecendo que o vídeo “irritou membros da comunidade” e afirmando que pediu uma investigação interna sobre o caso. O comunicado pede que outras pessoas que tenham gravado a ocorrência enviem o material para o departamento.

Em entrevista à CNN americana, o garoto algemado, identificado apenas como Z’Kye, disse que o outro adolescente envolvido na briga, que não foi identificado, estava praticando bullying contra um de seus amigos. A interferência de Z’Kye, que tem 14 anos, teria dado início à briga.

A mãe do adolescente negro, Ebone, disse à emissora que não vê motivos para os policiais terem sido agressivos com seu filho e poupado o garoto branco. “Odeio ter que dizer isso, mas se não foi por uma questão racial, então foi por quê?”, questionou. “Por que o outro garoto está sentado, olhando meu filho ser humilhado e algemado?Simplesmente não faz sentido.”

O prefeito de Bridgewater, o republicano Matthew Moench, esquivou-se de comentar o caso, alegando que qualquer afirmação seria inapropriada enquanto a investigação da promotoria local ainda está em andamento.

Já o governador de Nova Jersey, o democrata Phil Murphy, condenou a ação policial. “Embora a investigação ainda esteja reunindo os fatos deste incidente, estou profundamente perturbado com o que parece ser um tratamento racialmente desigual nesse vídeo”, escreveu ele em uma rede social. “Estamos comprometidos em aumentar a confiança entre os agentes da lei e as pessoas que eles atendem.”

O advogado Ben Crump, que defendeu na Justiça a família de George Floyd, agora também vai representar a família de Z’Kye. Assassinado por um policial branco durante uma abordagem em Minneapolis que também foi filmada e viralizou em 2020, Floyd se tornou um símbolo da luta antirracista nos EUA.

Segundo Crump, no caso de Z’Kye, a polícia não deu explicações sobre os motivos da diferença de abordagem.
“Por que o garoto negro é considerado culpado e o garoto branco é considerado inocente?”, questionou o advogado, famoso ativista por direitos civis nos EUA. Em comunicado divulgado por seu escritório, ele afirma ainda que os policiais de Bridgewater presumiram que, por conta da cor da pele de Z’Kye, uma atitude nobre de sua parte, em defesa de um amigo vítima de bullying, não estaria “nem sequer no reino das possibilidades”.

“Estamos gratos por Z’Kye ter saído desse incidente com vida. Não é segredo que lidar com a polícia nos EUA é mais perigoso para homens negros -e adolescentes- do que para homens brancos”, disse Crump. “Este é outro exemplo do tipo de viés racial que nós precisamos arrancar pela raiz do nosso sistema de policiamento. Esses agentes precisam ser repreendidos e retreinados para superar o viés implícito que resulta em tratamento desigual -e frequentemente perigoso -para pessoas negras.”

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