Alagoas é estado onde maior parcela da população passa fome no Brasil, diz pesquisa

Em 2020, essa parcela subiu para 9% e, em 2022, chegou aos atuais 15,5%, que representam 33 milhões de brasileiros

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Distribuição de marmitas na comunidade de Paraisópolis, em SP. (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)
Distribuição de marmitas na comunidade de Paraisópolis, em SP. (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)

O Alagoas é o estado em que há maior proporção de pessoas passando fome no Brasil. No estado de origem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que indicou mais de R$ 300 milhões em emendas parlamentares do chamado orçamento secreto, nos últimos dois anos, 36,7% das pessoas não têm acesso a alimentos em quantidade suficiente.

A proporção de alagoanos famintos é duas vezes a média nacional (15,5%), de acordo com dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, que divulgou informações sobre segurança alimentar por estado nesta quarta-feira (14).

Em 2018, 5,8% dos brasileiros passavam fome. Em 2020, essa parcela subiu para 9% e, em 2022, chegou aos atuais 15,5%, que representam 33 milhões de brasileiros.

No ranking da fome, a insegurança alimentar grave do Alagoas é seguida daquela do Piauí (34,3%), Amapá (32%), Pará (30%), Sergipe (30%) e Maranhão (29,9%).

No outro extremo, bem abaixo da média nacional de famintos, estão Santa Catarina (4,6%), Minas Gerais (8,2%), Espírito Santo (8,2%), Paraná (8,6%) e Mato Grosso do Sul (9,4%).

“Os resultados refletem as desigualdades regionais e evidenciam diferenças substanciais entre os estados de cada macrorregião do país”, aponta Renato Maluf, coordenador da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), responsável pela pesquisa, executada pelo Instituto Vox Populi.

O estudo realizou entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), também utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segurança alimentar é a situação em que há acesso pleno e estável a alimentos em qualidade e quantidade adequados.

Já a insegurança é dividida em três categorias: leve (quando o temor de faltar comida leva a família a restringir a qualidade dos alimentos), moderada (sem qualidade, há alimentos em quantidade insuficiente para todos) e grave (quando ninguém acessa alimentos em quantidade suficiente e se passa fome).

Segundo os novos dados divulgados, as populações do Norte e do Nordeste são as que mais passam fome no país, proporcionalmente, enquanto, em números absolutos, a região Sudeste, por ser mais populosa, é aquela que mais concentra pessoas famintas. Em São Paulo, são 6,8 milhões de pessoas com fome. No Rio, 2,7 milhões não têm comida suficiente.

De acordo com a primeira etapa da pesquisa, divulgada em junho, 1 a cada 3 brasileiros já fez alguma coisa que lhe causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimento.

Em relação à segurança alimentar, enquanto a média brasileira é de 41,3% da população com alimentos em quantidade e qualidade adequados, 9 dos 10 estados do Nordeste ficaram abaixo desta marca, sendo o Ceará (18,2%) o caso mais distante. Apenas o Rio Grande do Norte (51,2%) superou a média nacional.

No Sudeste, todos os estados ficaram acima da média, sendo o Espírito Santo (61%) o campeão da segurança alimentar.

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