Múcio, ex-ministro do TCU, é convidado para transição e cotado para o comando da Defesa
Convite foi feito por integrantes da cúpula do PT em nome do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda na semana passada
JULIA CHAIB
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A equipe de transição convidou José Múcio Monteiro, ex-ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), para integrar o grupo que tratará de temas ligados à área da Defesa.
O convite foi feito por integrantes da cúpula do PT em nome do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda na semana passada.
Auxiliares de Lula dizem que o ex-integrante da corte de contas é cogitado para comandar o ministério ao qual estão subordinadas as Forças Armadas.
O futuro mandatário prefere um civil na pasta, a exemplo do que ocorreu em seus dois primeiros mandatos. Estratégia replicada por sua sucessora, Dilma Rousseff (PT).
Lula e José Múcio devem conversar nesta segunda-feira (28) em Brasília.
A composição do grupo técnico responsável pela Defesa -setor fortemente associado ao bolsonarismo e que tem resistências ao PT– é um dos assuntos que esperam definição.
Os grupos de trabalho de Defesa e Inteligência estão atrasados em relação aos demais. O governo de transição já anunciou 30 colegiados técnicos e mais de 300 pessoas para compô-los.
Múcio já indicou a aliados que avalia que o ideal seria haver o anúncio do ministro e dos comandantes das Forças para que eles toquem a transição.
Amigo de Lula, ele integrou o TCU entre 2009 e 2020. Foi indicado para o tribunal pelo petista, então em seu segundo mandato. Na ocasião, o ex-ministro era um dos auxiliares do petista no Palácio do Planalto, no comando da Secretaria de Relações Institucionais.
Além da confiança de Lula, Múcio tem boa interlocução com partidos -foi deputado por mais de vinte anos- e setores da máquina administrativa. Presidiu o TCU entre 2019 e 2020, primeiros anos da gestão de Jair Bolsonaro (PL), e se aposentou antes do prazo compulsório, de 75 anos. Ele tinha 72 anos na ocasião.
Em dezembro de 2020, durante o 4º Fórum Nacional de Controle, evento que ocorreu via internet e contou com a participação do chefe do Executivo, Bolsonaro afirmou que Múcio, a que se referiu como amigo, tem comportamento conciliador e que busca consensos.
“Eu sou apaixonado por você, José Múcio. Gosto muito de Vossa Excelência”, disse o presidente, que lamentou a aposentadoria precoce do então ministro, e afirmou que o ex-colega de Câmara seria bem-vindo se quisesse trabalhar no governo. Bolsonaro indicou o então ministro da Secretaria Geral da Presidência, Jorge Oliveira, para o lugar de Múcio.
A equipe de transição de Lula tem o desafio de arrefecer os ânimos em uma área que, sem precedente desde a redemocratização, entrou no centro do debate político.
Capitão da reserva, o mandatário transformou a sua relação com os militares em capital político. O presidente usou as Forças Armadas em sua estratégia para questionar a segurança e a eficiência do sistema eletrônico de votação.
Após a derrota de Bolsonaro, os quartéis do Exército se tornaram local de peregrinação e de manifestações de seus apoiadores, com pedidos de intervenção federal.
Mesmo diante da indefinição sobre nomes do grupo da Defesa, o que a equipe da transição espera destravar a partir desta segunda, aliados do presidente eleito já foram demandados a dialogar com integrantes das Forças Armadas.
Entre eles estão os ex-ministros Nelson Jobim, Celso Amorim, Jaques Wagner e a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC), que foi secretária da pasta na gestão petista.
Mesmo que esses nomes atuem em contatos informais, é possível que nem todos integrem o grupo de transição. Jobim, por exemplo, tem demonstrado a interlocutores o interesse de permanecer nos bastidores.