Verticalização de tradicional bairro de Goiânia pode resultar em perda de qualidade de vida, diz especialista

Bairro, conhecido pelas suas casas e comodidades, tende a ter crescimento expressivo de apartamentos

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
(Foto: Reprodução/Zap Imóveis)Verticalização de tradicional bairro de Goiânia pode resultar em perda de qualidade de vida, diz especialista
(Foto: Reprodução/Zap Imóveis)

O bairro Jardim América é o mais populoso de Goiânia, conta com uma rede de comércios, parques, escolas e mais serviços, tornando a região uma “cidade dentro de uma cidade”. No entanto, com o novo Plano Diretor da capital, aprovado em setembro de 2022, a região que é majoritariamente composta por casas deve enfrentar uma verticalização.

Considerada uma área de adensamento, construtoras buscam se instalar na região já consolidada com itens nos lançamentos que visam atrair um público acostumada com conforto.

Novos empreendimentos

Um dos empreendimentos que irá integrar a nova fase do bairro terão apartamentos de duas ou três suítes, com metragens de 65 e 77 m², a poucos metros do Parque Vaca Brava.

Ao Portal 6,  a arquiteta e assessora de relações institucionais do Conselho de Arquitetura (CAU), Maria Ester de Souza, explicou os impactos que a verticalização tem sobre a região.

“O problema vem quando a verticalização é planejada para o lucro da construção e não para um modelo de cidade. Se você permite a construção de muitos apartamentos numa região nobre, isso é um problema para uma cidade que não está preparada.”

Para a especialista, o adensamento não seria o problema se as vias públicas e as áreas verdes permanecessem íntegras. Souza adiciona que a verticalização deve ser casada com propostas de uso, mobilidade e preservação ambiental.

“Temo que o Jardim América perca sua personalidade, com as ruas de lazer, feiras e pessoas andando pelas calçadas”, disse.

Qualidade de vida

De acordo com a arquiteta, entre os impactos gerados pela verticalização, está a diminuição da qualidade de vida. “Os moradores do Jardim América possuem casas há 20, 30, até 40 anos. O assédio em cima deles é o primeiro problema, porque eles recebem ligações e visitas de corretores que querem comprar os imóveis em que planejaram morar a vida toda.”

Maria Ester defende que, quando o morador se encanta com a proposta, tende a ser um mau negócio, visto que pelo mesmo valor investido, será necessário encontrar um bairro distante e que não possui a mesma potência. “O Jardim América tem hospital, faculdade, comércio, serviços, praças. Ter um casa lá proporciona muito conforto”, aponta.

Além disso, a arquiteta levanta a questão de piora na mobilidade por ser uma área que não foi projetada para acomodar tantas pessoas. “Quando se troca três casas por 40 apartamentos, seis carros se tornam 80”, explica, considerando que os lançamentos são projetados para moradores que possuem ao menos dois carros.

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