É um milagre crescimento de 3% do PIB com juro real de 10% ao ano, diz Haddad

Ministro afirmou neste sábado (2) que a meta de zerar o déficit primário em 2024 é ambiciosa, porém factível

Folhapress Folhapress -
É um milagre crescimento de 3% do PIB com juro real de 10% ao ano, diz Haddad
Ministro aponta que as 11 mil empresas atendidas pelo Perse faturam mais hoje do que antes da pandemia (Foto: Reprodução/Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (2) que a meta de zerar o déficit primário em 2024 é ambiciosa, porém factível.

“A meta para 2024 é muito ambiciosa, mas, se todo mundo remar na mesma direção, ela vai acontecer. E quanto antes acontecer, mais cedo vamos colher os frutos”, afirmou o ministro durante participação em evento promovido pela XP em São Paulo.

O governo enfrenta o ceticismo do mercado e de integrantes do próprio governo em cumprir a meta de déficit zero em 2024, estabelecida por Haddad. Na quinta-feira, foi entregue a proposta do Orçamento do próximo ano, com a promessa de arrecadar mais R$ 168 milhões, mas não há garantia que todo esse valor será obtido, pois depende da aprovação do Congresso e até de discussão na Justiça.

Ele afirmou que o gasto tributário por meio de desonerações hoje equivale a cerca de 10% do PIB [Produto Interno Bruto], dos quais 6% em nível federal, 3% em nível estadual e 1% em nível municipal. “Com 1% desses 10% a gente ajusta as contas públicas. Não é pedir demais”, disse Haddad.

O esforço fiscal e a trava do arcabouço que impede um crescimento dos gastos acima de 2,5%, acrescentou o ministro, melhoram as condições de sustentabilidade da dívida pública e podem permitir ao BC (Banco Central) sinalizar um corte não mais de 0,5 ponto percentual da Selic, mas de 0,75 ponto, defendeu o ministro.

Ele disse ainda que o objetivo do governo é buscar resultados primários cada vez mais consistentes, “contando que a autoridade monetária vai se somar a esse esforço, porque, se continuarmos pagando 10% de juro real ao ano, é muito difícil o fiscal responder”.

O ministro afirmou também que é um “milagre” a economia brasileira ter capacidade de crescer 3% ao ano, conforme as expectativas após o PIB do segundo trimestre, com um juro real no atual patamar em que se encontra.

“Fica difícil explicar para um economista estrangeiro como a economia cresce 3% com a taxa de juro real de 10%, não tem livro de economia que explique o que acontece com a economia brasileira. É prova da nossa pujança.”

O ministro disse ainda que o Congresso vai desempenhar um papel chave para ditar os rumos da economia brasileira no restante do ano. Segundo ele, se o Congresso afastar pautas bombas e medidas populistas, o país pode terminar o ano “muito bem”.

“A bola está com o Congresso, como esteve no começo do ano”, afirmou. Ele acrescentou que os congressistas aprovaram todas as medidas econômicas que foram levadas pelo governo durante o primeiro semestre, e que agora o país está “colhendo os frutos”.

Nesta semana, porém, Haddad sofreu uma derrota dupla após o plenário da Câmara dos Deputados aprovar a prorrogação da desoneração da folha a 17 setores da economia e ainda avalizar a inclusão de um amplo corte de alíquotas para municípios.

As prefeituras que não têm regimes próprios de Previdência recolhem hoje 20% sobre a folha de pagamento dos servidores para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A proposta aprovada na Câmara reduz a alíquota para valores entre 8% e 18%, a depender da renda per capita do município. Quanto menor for o indicador, menor será a cobrança.

Só essa medida tem um impacto para o governo federal entre R$ 7,2 bilhões, nos cálculos da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), e R$ 9 bilhões, segundo estimativas do Ministério da Fazenda.

A prorrogação do benefício para os setores econômicos pode drenar outros R$ 9,4 bilhões.

No evento, o ministro disse ainda que governar o país de maneira adequada não depende somente do Executivo, mas também do Congresso, do BC e do Judiciário. “Os resultados econômicos dependem da harmonização das relações desse conjunto de atores”, afirmou Haddad, que deu nota 9,5 para o desempenho do Congresso na primeira metade do ano. “Pode ser 10” no segundo semestre, disse o ministro.

Fazendo menção à simplificação proposta pela Reforma Tributária, Haddad afirmou também que é preciso que o país corrija rápido as distorções na economia brasileira de modo a aproveitar a janela de oportunidade que está aberta para atrair o capital internacional. “Temos uma janela de oportunidade que vai se fechar em dois, três anos”.

Folhapress

Folhapress

Maior agência de notícias do Brasil. Pertence ao Grupo Folha.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

Publicidade