Entenda como Anápolis foi perdendo território para surgimento de novas cidades
Muitos não sabem, mas até a capital Goiânia já esteve sob as asas do território anapolino
Nos dias atuais, Anápolis possui diversos distritos, como Joanápolis, Souzânia, Interlândia, Goialândia e São Vicente. Apesar de integrarem a jurisdição anapolina, é possível que – com o tempo e maior desenvolvimento – alguns se tornem cidades independentes.
Inclusive, esse seria um caminho natural. Foi o que explicou ao Portal 6 o pesquisador Claudiomir Gonçalves, autor do livro “Anápolis no fluir dos anos”, que conta a história do município, e também administrador da página “Anápolis na Rede”.
Segundo ele, um cenário assim pode não só pode ocorrer, como já aconteceu com diversos povoados e distritos. Isso porque até mesmo a capital Goiânia já foi um desmembramento da “Cidade das Antas”.
Goiânia
“A primeira perda territorial de Anápolis ocorreu com a criação de Goiânia, através do decreto n° 327, que retirou de Anápolis a área que ficava às margens do Rio Meia Ponte, que ainda hoje continua formando o município de Goiânia”, revelou.
Goiânia partiu do que antes era uma fazenda, integrando o povoado chamado de Campina das Flores, onde fica o bairro Campinas. Todavia, o território acabou anexando um grande pedaço do que antes era Anápolis. Fundada em 1933, a cidade só foi inaugurada em 1942, quando ocorreu o chamado “batismo cultural da capital”.
Nerópolis
Já Nerópolis, antes conhecida como Cerrado, Campo Alegre e Capivara, também fez parte do território oficialmente anapolino, mas foi emancipada pouco depois, em 1948. A cidade já foi considerada a capital do alho do estado, e conseguiu a autonomia pela alta fertilidade das terras e boa qualidade das pastagens.
Damolândia, Nova Veneza, Brazabantes e Goianápolis
“Em 1958, deveriam ter sido emancipados seis distritos: Matão (Ouro Verde), Damolândia, Souzânia, Goianápolis, Brazabrantes e Goianás (Nova Veneza).
Porém, Matão e Souzânia não o foram. Matão, por motivo ignorado, teve sua lei de emancipação vetada pelo governador, apesar de ser o distrito mais próspero. Já Souzânia não possuía todas as condições que a lei exigia”, explicou o pesquisador.
Deste modo, surgiram quatro novas cidades, recém-saídas das “asas” de Anápolis e, atualmente, consolidadas.
“Assim, foram emancipados Damolândia, Goianás – com o nome de Nova Veneza – Brazabrantes e Goianápolis, que tinha em seu território o povoado de Santa Teresa, atual Terezópolis de Goiás”, pontuou.
Portanto, Terezópolis só não foi uma das “filhas de Anápolis” porque ficou um certo tempo sob o julgo de Goianápolis, tendo assim outra filiação quando se emancipa.
Ouro Verde de Goiás
Cinco anos após a recusa inicial do pedido de emancipação de Matão, a realidade mudou, conforme explicado à reportagem pelo especialista.
“Em 1963, foi emancipado o distrito de Matão com o nome de Ouro Verde de Goiás. O município conseguiu a separação graças à ação de dois vereadores, que representavam o então distrito na Câmara de Anápolis, e conseguiram o aval do prefeito da época, Carlos de Pina”.
Campo Limpo
Por fim, ele também revelou que, em uma época mais recente, outro distrito conseguiu a autonomia e desanexou-se de Anápolis.
“Ao longo das décadas de 1980 e 1990, Campo Limpo de Goiás, que também era um distrito de Anápolis, conseguiu um grande crescimento através de indústrias de cerâmica, produção leiteira, agricultura e pecuária em crescente. Deste modo, em 1997, ocorre sua emancipação e consolidação como cidade”, finalizou.
Portanto, percebe-se uma redução no território de Anápolis ao longo do último século, com partes do território se desmembrando para gerar novas cidades goianas. Enquanto em 1887 a área abrangida era de 2.620 km², em 1997 – 110 anos depois – se reduz para cerca de 933 km².