Putin estreia novo míssil hipersônico na Guerra da Ucrânia, diz Kiev

Mecanismo é uma das "armas invencíveis" anunciadas em 2018 pelo presidente da Rússia

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Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que criou o TPI, o país em tese está obrigado a prender Putin caso ele desembarque em território nacional (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que criou o TPI, o país em tese está obrigado a prender Putin caso ele desembarque em território nacional (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A Ucrânia acusou a Rússia de atacar Kiev com um novo modelo de míssil hipersônico, o segundo a ser empregado pelas forças de Vladimir Putin na guerra iniciada há quase dois anos.

Segundo disse no Telegram o diretor do Instituto de Exames Forenses de Kiev, Oleksandr Ruvin, “há evidências nas marcações de partes e fragmentos, identificação de componentes e peças, além de características do tipo de arma correspondente” a um míssil de cruzeiro hipersônico 3M22 Tsirkon (zircão, em russo).

Ele é uma das “armas invencíveis” anunciadas em 2018 por Putin. É um sistema cujo desenvolvimento foi acelerado pela Rússia já em meio aos preparativos para a invasão do vizinho, e colocado em operação oficialmente no começo de 2023.

Aqui começam as dúvidas levantadas por diversos especialistas sobre o anúncio. O Tsirkon criado como um míssil antinavio, mas pode acertar alvos em terra também. Em testes, alcançou nove vezes a velocidade do som (11 mil km/h), mas acredita-se que opere mais devagar, podendo atingir alvos entre 1.000 km e 1.500 km de distância – embora alguns analistas falem em apenas 600 km.

Até aqui, ele havia sido oficialmente testado sendo lançado da fragata Almirante Gorschkov, que não opera na região do mar Negro para poder ter alcance de atingir Kiev. Ele já foi testado a partir de submarinos nucleares de ataque, mas não há nenhum desses na região também.

Resta como opção o que o analista militar russo Ivan Barabanov, de Moscou, sugeriu à Folha: que o Tsirkon tenha sido adaptado para ser disparado de um lançador terrestre costeiro Bastion, que já vem sendo usado na guerra a partir da Crimeia contra posições no sul da Ucrânia.

Barabanov diz que, apesar de não haver confirmação oficial, é possível que a Rússia tenha testado o míssil, que nunca havia sido usado em combate. “Não há Tsirkon em grandes quantidades, ao contrário, o Ministério da Defesa encomendou dez unidades no ano passado e elas estão em construção”, afirmou.

Até aqui, Putin vinha usando outra de suas “armas invencíveis” nesta guerra, o míssil hipersônico Kinjal (punhal). Ele é lançado de caças MiG-31K e bombardeiros Tu-22M3, e causam terror nos canais de emergência ucranianos sempre que uma das aeronaves que podem carregá-lo levanta voo.

Apesar de serem de mais difícil detecção, estão longe da invencibilidade da propaganda, com algumas unidades abatidas pelos sistemas americanos Patriot que os alemães deram a Kiev. Em compensação, uma dessas preciosas baterias antiaéreas foi destruída justamente por um Kinjal no fim do ano passado.

Segundo Kiev, o Tsirkon foi usado no devastador ataque noturno do dia 7 passado. A mídia ucraniana, contudo, relata que fragmentos semelhantes foram encontrados em 7 de janeiro também, embora não haja confirmação disso.

A grande fragmentação do conjunto apresentado nesta segunda (12) pelo instituto forense não permite dizer se o míssil atingiu o alvo ou chegou a ser abatido. Barabanov criticou a qualidade do anúncio de Kiev, apontando o fato de que a marcação “3M22”, relativa ao modelo, é vista feita a mão num pedaço de metal, e não como um número de série.

Seja como for, a guerra tem dado a Putin, e a seus adversários, oportunidade de observar como se comportam na vida real os tão badalados hipersônicos, considerados o futuro desse tipo de arma de longa distância. Críticos dizem, por exemplo, que o Kinjal é mais um míssil balístico lançado do ar, com capacidades de manobra reduzidas.

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