Caso das escutas na cela de Youssef ficará na Vara da Lava Jato
Defesa do doleiro cobra acesso aos áudios captados em sua cela em 2014
CATARINA SCORTECCI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiram nesta quinta-feira (21), por unanimidade, que a petição na qual a defesa do doleiro Alberto Youssef cobra acesso aos áudios captados em sua cela em 2014 deve tramitar na 13ª Vara de Curitiba, a que concentrou os casos da Lava Jato.
Originalmente, a petição de Youssef havia sido protocolada em abril do ano passado na 13ª Vara, mas, em setembro, o juiz Fábio Nunes de Martino mandou transferir o caso para a 23ª Vara, que abrigou as antigas investigações sobre as escutas ambientais encontradas na carceragem.
De acordo com a desembargadora Salise Monteiro Sanchotene, relatora do caso, a 13ª Vara “detém a competência para os feitos da Lava Jato, além de ter sido o juízo encarregado de acompanhar o cumprimento do acordo”.
Ela se refere ao acordo de colaboração premiada do Youssef, que pode ser colocado em xeque a depender dos desdobramentos da petição sobre os grampos ilegais.
De acordo com o advogado do doleiro, Gustavo Flores, o objetivo da busca pela íntegra dos áudios captados é verificar a “espontaneidade e voluntariedade” da delação. “Não temos nenhum revanchismo. Queremos apenas verificar os requisitos essenciais para validade do acordo”, disse o advogado ao Painel.
A defesa do doleiro também disse que, agora, com a definição em relação à competência da 13ª Vara, vai insistir para que uma nova investigação sobre o caso das escutas ilegais seja aberta.
Flores afirmou que irá requisitar uma audiência com o atual juiz da 13ª Vara, Danilo Pereira Júnior, e também com membros do Ministério Público Federal e Polícia Federal, para discutir a questão.
Em julho do ano passado, a Coordenação-Geral de Assuntos Internos da Polícia Federal, em Brasília, opinou sobre a petição de Youssef e afirmou que não via motivos para abrir uma nova investigação.
De acordo com o delegado da PF Álex Levi Bersan de Rezende, já houve “intenso escrutínio” sobre o assunto e não há fatos novos que justifiquem a retomada do caso.