O barco zarpou da Somália no domingo (9) e transportava 260 migrantes, entre eles somalis e etíopes, segundo a agência da ONU. O número total de nacionalidades a bordo ainda não é conhecido. Em um primeiro momento, uma autoridade iemenita havia divulgado o número de 38 mortos, mas o número vem aumentando conforme as buscas avançam.
Testemunhas afirmaram que a embarcação virou na segunda (10) em uma região próxima de Alghareef Point, na província iemenita de Shabwah. Entre os mortos estão 31 mulheres e seis crianças, disse a OIM.
“Essa tragédia é mais um lembrete da necessidade de trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios urgentes da migração e garantir a segurança nas rotas migratórias”, disse Mohammedali Abunajela, porta-voz da OIM.
A organização contabiliza ao menos 1.860 mortes e desaparecimentos no trajeto que vai da África Oriental e do Chifre da África aos países do Golfo desde 2014. Quase 500 óbitos foram resultados de afogamento.
Todos os anos dezenas de milhares de migrantes tentam fugir dos conflitos, dos desastres naturais e da pobreza na região do Chifre da África e arriscam as vidas em viagens pelo mar Vermelho para tentar chegar aos países do Golfo.
O objetivo de muitos é se estabelecer em países mais ricos, como Arábia Saudita ou Emirados Árabes Unidos, para trabalhar no setor de construção civil ou de serviços. Segundo as Nações Unidas, ao menos 97 mil migrantes chegaram ao Iêmen vindos do Chifre da África no ano passado.
As pessoas que conseguem chegar ao território iemenita, entretanto, enfrentam mais problemas, já que o país é o mais pobre da península arábica e cenário de uma guerra civil há uma década.
Além das embarcações superlotadas e em condições precárias, os migrantes que se arriscam na travessia estão sujeitos a extorsões e outros tipos de violência. “Muitas vezes dependendo de contrabandistas para viajar, os migrantes correm frequentemente um risco adicional, incluindo o de tráfico de seres humanos durante a perigosa viagem de barco até as costas do Iêmen”, acrescentou Abunajela.
Em agosto, a organização Human Rights Watch acusou militares de fronteira sauditas pelas mortes de centenas de migrantes etíopes que tentaram entrar no país de março de 2022 a junho de 2023. As vítimas teriam partido do Iêmen. Riad rebateu o relatório e afirmou que as conclusões não eram confiáveis.
Tragédias envolvendo migrantes na região são frequentes. Em abril, duas embarcações naufragaram na costa do Djibuti e dezenas de pessoas morreram. No ano passado, a OIM registrou pelo menos 698 mortes na rota migratória.
O Iêmen é a nação mais pobre da península arábica e vive uma longa guerra civil que opõe rebeldes houthis apoiados pelo Irã contra o governo apoiado por uma coalizão militar que tem à frente a Arábia Saudita. Especialistas salientam que se trata de uma guerra por procuração entre Riad e Teerã.