Após esperar atendimento sem maca, idoso foge do HEANA e desespera família: “dormiu sentado”

Ao Portal 6, unidade reconheceu a superlotação e afirmou ter feito improvisos para atender todos, mas sustentou "desconhecer" a tal fuga

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Idoso ficou "internado" no HEANA. (Foto: Arquivo Pessoal/Família)
Idoso ficou “internado” no HEANA. (Foto: Arquivo Pessoal/Família)

O que era para ser uma ida — por si só já apreensiva — ao Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA), acabou se tornando um pesadelo para a família de Natalino de Andrade, de 76 anos.

Isso porque, segundo os familiares, além de ficarem esperando atendimento por mais de 48h, eles ainda receberam a notícia de que o idoso havia fugido da unidade e estava desaparecido. Essa história um tanto quanto perturbadora aconteceu nesta terça-feira (09).

O paciente, que se encontrava em situação de confusão mental, teria andado sozinho por quase 1,4 km, como forma de fuga devido à situação em que se encontrava no hospital.

O caso teria ocorrido após um descuido de um primo, que o acompanhava no momento do incidente. O jovem tirou um tempo para beber água e, assim, Natalino teria aproveitado a brecha e fugido do local, sem que nenhuma pessoa percebesse.

Neste momento, os familiares teriam pedido auxílio para seguranças e outros funcionários da unidade de saúde, de forma que ele fosse capturado, no entanto, a equipe do local teria negado a ajuda, apenas indicando “para qual lado” ele havia ido.

Paciente andou quase 2 km sozinho, em fuga do hospital. (Foto: Captura/Google Maps)

“Nós só conseguimos pegar ele depois de um tempão, ele já estava bem longe, perto do Anashopping, não tivemos nenhum apoio”, contou uma familiar de Natalino, em entrevista ao Portal 6.

Segundo a jovem, o idoso só teria sido convencido a retornar ao HEANA após muita insistência dos parentes, que, no meio da rua, explicaram que logo ele faria um exame, fato não verdadeiro.

Assim, ele teria regressado para o hospital, onde, por recomendação médica, teria que ficar em “observação”, devido a um diagnóstico preliminar de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Um idoso de 76 anos ficar 48h num hospital, não tinha uma maca para ele deitar, ele tava dormindo sentado, não tinha nenhuma estrutura. Ele só conseguiu deitar porque ontem de manhã uma senhora liberou uma cadeira de encosto [poltrona]”, contou a familiar, indignada.

A reportagem retornou o contato à família do paciente, que afirmou que ele ainda segue hospitalizado e em observação, no entanto, a situação permanece “improvisada”.

O que diz o HEANA

Em nota, a Fundação Universitária Evangélica (Funev), responsável pela gestão do HEANA, informou que Natalino já passou por atendimentos médicos e exames laboratoriais. Também foi explicado que, nas primeiras horas de atendimento, o idoso permaneceu – sim – em uma poltrona, por conta da superlotação da unidade.

Contudo, segundo a unidade, isso não prejudicou a assistência e, assim que uma maca foi desocupada, ele foi transferido.

Quanto à fuga, porém, o HEANA sustentou que desconhece qualquer tipo de situação do tipo.

Confira a nota na íntegra:

“O paciente chegou na unidade na terça-feira, 09/07, admitido e classificado às 11h40.
Passou por atendimento médico às 12h59, realizou exames laboratoriais às 14h e tomografia às 16h11, sendo reavaliado pelo médico na sequência e solicitado internação pela Clínica Médica.

Informamos ainda, que o paciente permanece em maca no Pronto Socorro, aguardando leito de enfermaria, devido a super lotação da unidade. Apesar de estar em maca, reforçamos que o paciente está recebendo toda a assistência necessária, como medicamentos e exames, inclusive com nova tomografia sendo realizada no dia 10/07 para fechar diagnóstico.

Quanto ao relato de ter permanecido em poltrona, devido a super lotação da unidade, informamos que as primeiras horas de atendimento ocorreram em poltrona, não causando prejuízo a assistência. Logo que uma maca foi desocupada ele passou a ser atendido em maca.

Quanto ao relato de fuga do paciente, informamos que desconhecemos tal fato. Paciente continua internado na unidade e permanece com acompanhante (um familiar) desde o início da sua internação.

Reforçamos o nosso compromisso em prestar cuidados de saúde com qualidade para a população, e nos colocamos à disposição.”

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