Terremoto no Chile chacoalha acelerador de partículas em Campinas por dois minutos
Foram relatados reflexos do abalo sísmico em pelo menos 15 cidades do estado

FRANCISCO LIMA NETO
Os reflexos do terremoto de magnitude 7,3 que atingiu Antofagasta, no Chile, ocorrido a uma profundidade de 128 km, na noite desta quinta-feira (18), chacoalharam o feixe de elétrons do acelerador de partículas Sirius, em Campinas, às 22h55, de acordo com o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais).
Foram relatados reflexos do abalo sísmico em pelo menos 15 cidades do estado, incluindo Campinas.
O Sirius é um dos mais avançados equipamentos de pesquisa do Brasil e um dos três de 4ª geração do mundo.
Segundo o CNPEM, há vários monitores de posição no anel, chamados de BPMs (Beam Position Monitor, na sigla em inglês) que ficam medindo a posição do feixe de luz com grande precisão.
Inclusive, há um sistema de correção de órbita que atua para que o feixe seja mantido na posição bem estável nesses BPMs para não afetar o funcionamento e aplicação dos feixes nas pesquisas.
Leia também
- Empresas de aplicativo vão esperar regulamentação para voltar a operar em SP
- Governo deve liberar R$ 12 bi para renegociação de dívidas do agro com bancos
- Morre Giorgio Armani, aos 91 anos, estilista mestre da alfaiataria refinada
- China mostra tríade de armas nucleares e exibe poder bélico em desfile que exalta Xi
De acordo com o CNPEM, o período de maior instabilidade foi detectado por cerca de dois minutos.
“Normalmente, a estabilidade de posição é da ordem de 100 nanômetros. Quando teve o terremoto, chacoalhou. Então, nos gráficos chegaram a amplitudes de 10 a 20 micrômetros. É bem maior do que a posição que normalmente a gente tem, que é de centenas de nanômetros”, afirmou a Liu Lin, chefe da Divisão de Aceleradores do CNPEM.
O micrômetro é 1.000 vezes menor que o milímetro, enquanto o nanômetro é 1.000 vezes menor que o micrômetro.
Na imagem, o gráfico vermelho, que é um monitor de posição, está num loop de correção lenta. E o BPM azul, ele está num loop de correção rápida. Então, nota-se, de acordo com o CNPEM, que esse BPM azul conseguiu controlar a órbita bem mais rápido do que o outro BPM que está na correção lenta.
O Sirius é composto por três aceleradores de elétrons, capazes de gerar a luz síncrotron, espectro que viaja a uma velocidade próxima a 300 mil km segundo e permite visualizar partículas microscópicas com nitidez. Sua infraestrutura tem o tamanho de um campo de futebol e contou com um investimento de R$ 1,8 bilhão.